``O objetivo é passar do diálogo para a negociaçao', disse o presidente Pastrana, ao anunciar neste domingo em Sao Domingo que seus delegados pedirao às FARC, a maior e mais antiga guerrilha da Colômbia, para fixarem o local, a agenda, os pontos da negociaçao e as condiçoes de acompanhamento internacional do processo.

Em troca da abertura oficial das negociaçoes, Pastrana ofereceu manter uma zona de distensao de 42.000 quilômetros quadrados no sudeste da Colômbia, que foi estabelecida em 7 de novembro de 1998 e deve terminar em 7 de maio. A condiçao das FARC para iniciar negociaçoes é um balanço positivo da luta do estado contra os grupos paramilitares que combatem a guerrilha.

Pastrana demitiu recentemente os generais Rito Alejo del Río, comandante de operaçoes do exército, e Fernando Millán, diretor da Escola Superior de Guerra, acusados pelas FARC de vínculos com os paramilitares. A Procuradoria, por sua vez, divulgou informaçoes sobre a detençao de dezenas de paramilitares.

Os diálogos de paz recomeçam em meio a ameaças das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), o principal grupo paramilitar, de invadir a zona de distensao, enfrentar militarmente a guerrilha e matar os camponeses que cooperam com ela.

Em panfletos que circularam neste domingo em Doncello e Puerto Rico, municípios que sao a porta de entrada da zona desmilitarizada, os paramilitares recomendam aos camponeses que ``se afastem da guerrilha' e advertem que suas tropas vao recuperar a ampla regiao de selvas que está sob o controle das FARC.

Diante das ameaças, o exército e a polícia redobraram os controles das entradas fluviais e terrestres da área de distensao, instalando bloqueios nas estradas e nos rios.

As FARC fizeram o mesmo em San Vicente del Caguán, sede dos diálogos de paz, onde exercem um controle rígido sobre as pessoas que entram no município. Também proibiram a circulaçao de veículos entre as seis da tarde e as seis da manha.