A cabeleireira Patricia Maria de Jesus, 41 anos, orgulha-se de ter matriculado a filha Laura no colégio particular, que por sinal é o mesmo onde muitas de suas clientes têm filhos estudando. O boleto de R$ 360 é prioridade nas contas do mês. E o mesmo acontece com 77% das famílias de classe C, segundo estudo do Data Popular.
Esse é o percentual mais alto entre os estratos sociais que consideram a educação despesa número um entre os compromissos mensais. Nas famílias mais abastadas, 76% dos entrevistados citaram a formação dos filhos como prioritária. E nas classes D e E, o índice cai para 75%.
Com salário na faixa de R$ 3.000, Patricia assume sozinha os gastos da casa, que incluem pagamento de R$ 180 do transporte escolar da filha e aluguel no valor de R$ 700. "O ensino privado tem melhor qualidade que o público, por isso, não meço esforços para proporcionar isso à minha filha."
Ela ressalta que até o fim de 2012, quando Laura estará no segundo ano do Ensino Básico, terá desconto de 32% nas mensalidades. Porém, após esse período, o valor integral será reajustado em 10% ao ano. Somando também os gastos com alimentação, material escolar e lanche, 25% do salário da cabeleireira são consumidos com educação.
PARTICIPAÇÃO
Levantamento do Data Popular aponta que as famílias de classes A e B serão responsáveis por 63,68% das despesas com educação no País neste ano, com R$ 36,85 bilhões. Em seguida figura a classe C, com 16,84 bilhões (29,10%), e por fim, as classes D e E representa 4,18 bilhões ou 7,22%.
Ao contrário das camadas sociais mais altas, que destinarão maior parte dos recursos para o pagamento de matriculas e mensalidades, os estratos D e E ainda concentram a maior fatia dos gastos com material e livros. A Associação das Escolas Particulares do Grande ABC estima que 13% dos alunos estão matriculados em instituições privadas de ensino.
O instituto de pesquisa considera que as famílias de classe A têm rendimentos acima de 20 salários-mínimos, B entre dez e 20 salários, C de três a dez, D com ganhos entre um e três e E os domicílios com receita mensal de até um salário.
REDE PRIVADA - Os pais e responsáveis por alunos matriculados na rede privada de ensino do Grande ABC são os mais adimplentes em São Paulo, afirma a presidente da Associação das Escolas Particulares do ABC, Oswana Fameli. A inadimplência na região oscila entre 3,5% e 4%, no Estado chega a 9% e na Capital paulista atinge 11%./CWCW-10
"Temos índice muito bom, que em parte é reflexo do trabalho de orientação que realizamos com os pais sobre a seriedade de assumir contrato de prestação de serviços de ensino", destaca Oswana.
Pesquisa do Data Popular mostra que o maior contingente de alunos matriculados na rede pública entre a pré-escola e os cursos de mestrado e doutorado, predominam pessoas das classes D e E. A pequena participação da alta renda está na universidade.
Enquanto isso, nas escolas privadas, a presença maior é dos estudantes da nova classe média, com 51,6%. A distribuição é equilibrada entre os estratos A, B e D.
FORMAÇÃO - Outro indicador sobre educação e classes sociais é que de cada 100 jovens de famílias de classe C, 68 têm mais anos de estudo do que os pais. Ou seja, quase 70% desses jovens País têm nível escolar mais alto que o familiar.
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