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Keiper afirma ao sindicato que só tem verba para pagar salários até fim do mês

Volkswagen ainda não retirou ferramental e empregados mantêm vigília

Paula Oliveira
Especial para o Diário
19/08/2016 | 07:08
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O drama dos trabalhadores da Keiper Metalls do Brasil, que fabricava bancos automotivos para a Volkswagen, continua. Ontem, em reunião com o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, a empresa avisou que só tem dinheiro para pagar o salário dos seus 950 funcionários – sendo 400 em Mauá, onde é feita a estrutura dos produtos –, até o fim do mês. E emendou que não possui recursos para bancar as verbas rescisórias em eventual demissão em massa.

Cerca de 85% do faturamento da Keiper provém da Volkswagen. Porém, no último ano, na tentativa de reajustar os valores dos bancos para a montadora, a Keiper atrasou a entrega dos produtos por diversas vezes e, ainda, forneceu volume menor do que o combinado. No dia 5, a Volks rescindiu o contrato e conseguiu na Justiça, na quarta-feira, o direito de retirar seu ferramental da fabricante em Mauá. Diante da notícia, os trabalhadores se postaram na frente da empresa, a fim de tentar impedir a retomada dos moldes por parte da montadora.

“Se a Volkswagen não voltar atrás, 950 funcionários de Mauá e Araçariguama (no Interior, responsável pela estamparia) podem perder o emprego no próximo mês. E, pior, correm o risco de não receber os direitos trabalhistas”, afirma o diretor administrativo e financeiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Adilson Torres Santos, o Sapão.

Ontem, a ‘barricada’ de cerca de 100 operários contou com a visita de Miguel Torres, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos e da Força Sindical. “Ele nos disse que, em última circunstância, poderá levar o caso ao Ministério do Trabalho”, conta Sapão. Hoje, o ministro da Pasta, Ronaldo Nogueira, estará em São Bernardo para reunião com outro sindicato, o dos Metalúrgicos do ABC, a fim de discutir sobre a crise na Mercedes-Benz.

DECISÃO - Até o fechamento desta edição, no entanto, o ferramental ainda não tinha sido retirado pela montadora. Conforme decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, “diante do exposto, defiro a tutela provisória, para determinar a retomada imediata dos bens – ferramentas e meios de produção pela agravante, mediante caução a ser prestada no prazo de 48 horas, no valor de R$ 50 mil, sob pena de revogação da medida. Fica mantida a multa anteriormente fixada para o caso de descumprimento desta decisão”.

Enquanto isso, o sindicalista garante que o movimento dos trabalhadores da Keiper continua, tanto na esperança de a Volks voltar atrás na decisão e dar continuidade ao contrato, que durou três anos, quanto na luta para conseguir os direitos de cada um deles.

Procuradas, a Keiper não se manifestou e a Volkswagen afirmou que não iria comentar a decisão da Justiça.
 




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