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Suíça quer ampliar investimentos no país
Do Diário do Grande ABC
06/07/1999 | 15:41
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O presidente da Uniao Suiça do Comércio e da Indústria, Andres Leuenberger disse nesta terça à direçao da Confederaçao Nacional da Indústria (CNI) que os empresários suíços querem ampliar seus investimentos no país. Para isso, no entanto, desejam que algumas barreiras ao capital externo sejam removidas. Ele pediu ajuda à CNI para que o Congresso Nacional aprove acordo bilateral firmado em 1994 para promoçao e proteçao de investimentos entre os dois países. Também defendeu a retomada das discussoes sobre um outro entendimento que evita a dupla tributaçao do Imposto de Renda nas transferências feitas entre os dois países.

Andres Leunberger, que integra a delegaçao econômica suíça chefiada pelo ministro da Economia, Indústria, Trabalho e Agricultura, Pascal Couchepin, que ficará no Brasil até a próxima sexta-feira, enumerou ainda outras queixas dos empresários suiços com relaçao ao Brasil: altas taxas do imposto de importaçao, falta de cumprimento à Lei de Propriedade Intelectual, e elevado índice de nacionalizaçao exigido para se produzir no país.

Segundo ele, os 60% exigidos como índice de nacionalizaçao sao muito elevados e dificultam a atuaçao das empresas estrangeiras que importam peças e componentes para fabricar bens com maior valor agregado.

O ministro da Economia, Pascal Couchepin, reforçou o interesse da Suiça em investir no Brasil, especialmente porque o país - na avaliaçao dele - pode se tornar uma importante plataforma de exportaçao para os países do Mercosul e da América Latina. Ele lembrou que a Suiça é o quinto investidor estrangeiro no país, com um total de US$ 6,1 bilhoes aplicados até o ano passado. Reconheceu, contudo, que, apesar de esse valor representar quase 10% do total de recursos suiços feitos no exterior, o volume de investimentos está estagnado.

"Esperamos dinamizar nosso relacionamento com o Brasil a partir desta visita", afirmou.

Pascal Couchepin também ressaltou a importância da aplicaçao da Lei da Propriedade Intelectual para que mais empresas suiças se sintam atraídas a investir no país. Conforme ele, apesar de todo o arcabouço legal existente a legislaçao, bastante complicada, nao é cumprida pelos tribunais. Entre as empresas que já estao atuando no Brasil se destacam a Nestlé, Novartis (maior empresa agroquímica e farmacêutica do mundo), Roche, Holdercim, Clariant e Elevadores Atlas.

Na área financeira também há forte presença suíça no país, sendo que somente no ano passado, com a compra do Banco Garantia pelo Crédit Suisse os investimentos nesse setor foram de US$ 1 bilhao.

Durante a visita à CNI, onde foi recebida pelo presidente em exercício, deputado federal Carlos Eduardo Moreira Ferreira (PFL-SP), a delegaçao suiça ouviu uma explanaçao sobre a economia brasileira. O chefe da Unidade Econômica da CNI, José Guilherme Reis, falou sobre as medidas adotadas pelo governo para enfrentar as crises asiátias e russa, bem como sobre as perspectivas para os próximos meses. Lembrou que os efeitos externos sobre a economia interna nao foram tao desastrosos como muitos esperavam.

José Guilherme Reis informou à delegaçao suiça que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) deverá ficar em menos de 1% este ano e que a inflaçao permanece sob controle. Observou também que a recessao nao deverá ser aprofundar e que a flutuaçao do câmbio adotada pelo governo em fevereiro passado foi bem sucedida. Ressaltou, contudo, que o país ainda precisa controlar seu déficit público e fazer um ajuste fiscal de longo prazo para cumprir integralmente as metas acertadas nas negociaçoes com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A visita da delegaçao estrangeira a CNI foi marcada pela assinatura de um memorando de entendimentos firmado entre a Secretaria de Estado da Economia (SECO) da Suiça e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), vinculado a CNI. Esse acordo permitirá a instalaçao de um centro para o fomento de produçao mais limpa no País. Esse centro estará localizado na Escola Senai Suiço-Brasileira, que atua na área de mecânica de precisao desde 1973. Este é o quinto centro para o estímulo à tecnologias que respeitam o meio ambiente em países emergentes ou em desenvolvimento implementado com o apoio da Suiça.




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