Cultura & Lazer Titulo Cinema
Crítica ao abuso de poder

O longa 'A Pele Que Habito' é adaptação do livro 'Tarântula',
de Thierry Jonquet; o suspense concorreu à Palma de Ouro

Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
04/11/2011 | 07:10
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Mais recente parceria do diretor espanhol Pedro Almodóvar com o ator Antonio Banderas, o suspense "A Pele Que Habito" (La Piel que Habito) chega às telonas brasileiras depois de concorrer à Palma de Ouro, principal premiação do Festival de Cannes.

Na trama, sexto longa-metragem em que o astro trabalha com o cineasta, Antonio Banderas é o bem-sucedido cirurgião plástico Richard Legrand, que desde a morte da mulher, gravemente queimada em acidente de automóvel, é obcecado em criar uma pele artificial, que poderia ter salvado a amada.

Depois de 12 anos, o médico traumatizado consegue criar pele que se mostra como verdadeiro escudo contra qualquer tipo de agressão, de picadas de insetos a labaredas. Além de anos de estudo e experimentação, que mesclaram DNA humano com suíno, ele agora necessita de mais três coisas: nenhum escrúpulo, um cúmplice e uma cobaia humana.

A ausência de escrúpulos nunca foi problema para o cirurgião. Marília, mulher que cuidou dele desde o nascimento, é a sua mais fiel cúmplice. Já para cobaia humana entra em cena Vera (Elena Anaya, que já trabalhou com o diretor na película "Fale com Ela"), bela mulher de identidade misteriosa, também prisioneira das vontades de Richard em luxuoso bunker, onde é vigiada e atendida por Marília (Marisa Paredes). É com a própria Vera que o médico ainda desenvolverá relação de tensão sexual.

Como no filme "Carne Trêmula" (1997), Pedro Almodóvar se inspirou em obra alheia para compor o roteiro de "A Pele Que Habito". Neste caso, trata-se do livro "Tarântula", do escritor francês Thierry Jonquet (1954-2009).

Da produção, ele traz a figura do pai, que conduz vingança doentia motivada pelo estupro cometido contra a filha. Antonio Banderas é justamente este pai. Repleta de idas e vindas no tempo, a trama mostra que o cirurgião é capaz de tudo para tentar reescrever a sua história.

Em meio à miscelânea de gêneros que não apresentam limites bem estabelecidos, marca dos filmes de Almodóvar, "A Pele Que Habito" lança críticas à obsessão pelas aparências, à violência e, principalmente, ao abuso de poder. Em discussão fica a busca do ser humano pelo controle sobre a vida que, se não for eterna, seja pelo menos mais longa possível.




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