Riding With the King (WEA, R$ 20 em média), lançado mundialmente no último dia 13, registra um encontro muito aguardado no universo do blues: o do criador e da criatura. E nao decepciona. Confessadamente, o guitarrista inglês Eric Clapton, 55 anos, bebeu das fontes de B.B.King. Os Yardbirds; a parceria com John Mayal; o excepcional Cream (entre 1966 e 1968) - seu estilo era um caldeirao onde brilhava como elemento fundamental a guitarra de B.B.King. Em 1967, eles se encontraram no New York Café Au Go Go e deram uma canja inesquecível, que nao foi registrada sequer por um gravador pirata.
Mas agora é oficial: eles entraram em estúdio, confortavelmente, e gravaram uma dúzia de clássicos que têm tudo para ganhar o próximo Grammy e firmar-se como um dos melhores, senao o melhor, disco de blues do ano. É música de puro prazer e encantamento, instintiva, fluente e que nao deixa ninguém indiferente.
Para se entender a importância de B.B.King no fim dos anos 40 e a novidade que ele representava, é bom ouvir Days of Old, um clássico daqueles anos, com uma pegada forte e uma verdadeira usina de suingue funcionando por baixo da guitarra e do vozeirao de King. Aliás, Clapton está à esquerda do ouvinte, e King à direita.
Mas, clássico por clássico, a faixa mais incandescente é sem dúvida o maior blues de BB, Three O'Clock Blues, destilado em oito mágicos minutos que entremeiam magníficos solos do guru negro e de seu discípulo branco. Fora, é claro, um hit dos anos 30, Key to the Highway, assinado por ninguém menos do que Big Bill Broonzy. King ainda assina Ten Long Years e a tocante When My Heart Beats Like a Hammer. E, concessao à indústria do disco, que precisa faturar, uma música para tocar nas FMs, Come Rain or Come Shine, eternizada por Ray Charles e que aqui merece um registro apenas médio, com dispensáveis cordas, backing vocals etc.
Um destaque para os músicos que acompanham esta noitada do melhor blues em branco-e-preto: o baterista Steve Gadd, o tecladista Joe Sample, Tim Carmon pilotando muito bem o Hammond, que dá o som característico do R&B; e os competentes guitarristas Andy Fairweather Low e Doyle Bramhall II.
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