Cultura & Lazer Titulo Luto
Adeus, criança

Aos 71 anos, a sempre sorridente Elke
Maravilha se despede no Rio de Janeiro

Miriam Gimenes
17/08/2016 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


 Pelo menos na Terra. É que ontem Elke Maravilha partiu para outra dimensão, aos 71 anos. Internada desde o mês passado na Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, para tratar úlcera duodenal, a atriz, que estava há dias em coma, não resistiu. Como ela dizia, “foi brincar de outra coisa”. Dona de uma alegria colorida, defensora da diversidade, caricata e, literalmente, sem filtros, ela não veio a este mundo a passeio. E isso foi desde cedo. Nascida em Leningrado (hoje São Petersburgo), na Rússia, chegou aos 6 anos com os pais no Brasil fugindo da ditadura de Stalin e passou a infância em Itabira, Minas Gerais. Ainda na adolescência tornou-se poliglota – falava nove idiomas – e, aos 20, foi para o Rio de Janeiro.

Lá na Cidade Maravilhosa – onde será enterrada hoje, no Cemitério de São João Batista, às 16h – que cursou Letras, trabalhou como secretária trilingue, professora, começou a modelar e passou por um dos episódios mais traumáticos de sua vida: foi presa no Aeroporto Santos Dumont depois de rasgar cartazes com a fotografia de Stuart Angel Jones, filho da estilista Zuzu Angel, sua amiga. Ele já havia sido morto e ela ficou revoltada. Durante seis dias permaneceu encarcerada e saiu com a ajuda de Zuzu. Fez cursos de atuação, trabalhou como atriz, mas foi no programa do Chacrinha, como jurada, que ficou conhecida no Brasil. A cumplicidade com o apresentador era tanta que ela o chamava carinhosamente de ‘painho’. Exerceu a mesma função no programa Silvio Santos. Seu mais recente trabalho na TV foi no quadro O Grande Plano, do Fantástico, no ano passado.

Pois bem. Em paralelo à vida profissional, casou-se oito vezes – um dos felizardos foi Roberto Lazzuri, ex-proprietário da antiga casa noturna de São Bernardo Emerald Hill e, por isso, nos anos 1980 e 1990 era frequentadora assídua da noite na região –, usou quase todas as drogas e admitiu ter feito três abortos. “Sem a menor culpa. Ia fazer merda. Não sei educar criança. Quanto mais vivo, mais tenho certeza que fui sábia, apesar de jovem.” Assim como seu visual, a vida de Elke não foi concedida para ter tons pastel, definitivamente.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;