O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), acusou o governo de adotar as mesmas táticas de negociação usadas no primeiro mandato - de trocar cargos por apoio, sem tentar um acordo formal com o partido -, deixando insatisfeitos alguns líderes da legenda.
Segundo Temer, a estratégia de procurar, isoladamente, os líderes da sigla pode levar até mesmo a um racha interno na agremiação, o que impedirá o presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva de concretizar o objetivo de ter todo o PMDB na base de sustentação.
"Eu acho que o governo está fazendo tudo errado, de novo. O presidente Lula disse que trataria com o partido como um todo, mas, até agora, só tem procurado alguns integrantes, isoladamente, e, mesmo assim, na base da troca de cargos por apoio. Isso é desmoralizante para o partido", disse.
Ainda segundo o presidente nacional do PMDB, a tendência da maioria do partido é de dar apoio ao mandato de Lula, mas a forma como esse suporte é negociado pode levar a legenda, mais uma vez, a uma racha no Congresso.
"Sinto que não vai haver unidade e, na verdade, já vejo que o partido está desunido. Estou começando a achar que teremos mais um racha", disse, lembrando que os senadores Pedro Simon (RS), Francisco de Assis Moraes Souza (PI), o Mão Santa, e Almeida Lima (SE) são contra a adesão integral à administração federal.
O senador eleito Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que governou Pernambuco por oito anos, também manifestou a contrariedade à adesão em bloco. "Ele disse-me que é contra a adesão", informou Temer.
O presidente nacional peemedebista, no entanto, mantém a disposição de ouvir a sigla para fechar uma definição. Essa semana, por exemplo, os governadores devem cerrar uma posição em reunião que ocorrerá em Santa Catarina.
"Quero ouvir todos os membros do partido, mas a forma como o governo vem conduzindo o processo já causa insatisfação", conclui.