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Tradição sobrevive no comércio do Grande ABC
Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
17/11/2001 | 17:48
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Poucos estabelecimentos comerciais do Grande ABC sobreviveram aos sucessivos pacotes econômicos e períodos recessivos que marcaram várias décadas da história do Brasil, e conquistaram um espaço de mercado baseado em tradição. Dos mil réis ao real, essas empresas de origem familiar resistiram à concorrência e conseguiram fugir das estatísticas de falência, que só no período de janeiro a outubro deste ano já somaram 1.482 casos no Estado de São Paulo, segundo o IEGV (Instituto de Economia Gastão Vidigal) da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

Um dos exemplos é o da Casa São José, fundada em 1946, na rua Justino Paixão, 7, em Mauá. No típico armazém de secos e molhados, a população comprava de arroz a cebolas. O seu fundador, José Boscariol (hoje com 79 anos), lembra que naquela época o expediente da “cadernetinha” era muito comum. A concorrência era menos predatória do que nos dias de hoje, segundo ele. “Na cidade, também havia os armazéns Peres & Taconi, Inocêncio Gianoni e do Orlando Vicente Cirillo”, recordou.

Em 1967, o estabelecimento encerrou suas atividades. Três anos depois, Boscariol mudou de ramo e começou a atuar na área de ferragens e material de construção, fundando a Casa Lavenia (nome da cidade italiana onde nasceu seu pai, Josué Boscariol), na rua Rui Barbosa, onde permanece até hoje.

Em São Bernardo, na rua Marechal Deodoro, em 1954, surgia o depósito de material de construção Rocco & Cia, sob a direção dos irmãos João, Waldemar, Mario e Aires. “Era só uma portinha naquele tempo, que foi ampliada nos anos 60. Não tínhamos muito problema com concorrência, pois só havia mais um grande depósito – o do Laerte Tosi, que fechou em 1998”, disse Ricardo Rocco, 42 anos, neto de João Rocco, que há 25 anos está na direção do negócio, ao lado de sua mãe Ilda, 67.

Até os anos 70, Ricardo considerava seguro vender fiado. “Hoje, para manter o negócio, o lucro é bem menor. Então, resolvemos ampliar o número de produtos para acompanhar as necessidades dos consumidores e diminuir o espaço físico para continuarmos no ramo”, disse. Para sua mãe, o prazer de ter contato diário com a clientela e de ter a companhia dos “meninos”, como chama os funcionários do depósito, é algo insubstituível. “Enquanto tiver força, venho para cá. Isso é a minha vida”, disse.




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