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Boliviana só quer ver o filho curado do câncer no cérebro
Henrique Munhos
Especial para o Diário
05/05/2011 | 07:42
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Hoje, a boliviana Yessenia Saucedo Justiniano, 28 anos, completa um ano no Brasil. Porém, a estrangeira não veio ao País para passear ou trabalhar, mas sim acompanhar o tratamento do filho, Gabriel Valverde Saucedo, 3, que luta contra um câncer no cérebro. "O coração de mãe fez com que eu esquecesse da minha família, do meu país e do meu trabalho. Só pensei em procurar o melhor para a saúde dele", afirmou a boliviana.

No fim de março do ano passado, a mãe, que era auxiliar de enfermagem em Santa Cruz de La Sierra, procurou os médicos, após notar que o filho estava fraco e havia perdido os movimentos do lado direito do corpo. "Quando ele fez uma tomografia, foi notado um tumor na cabeça. Porém, na Bolívia não havia equipamento para realizar o tratamento necessário", disse Yessenia.

Uma médica boliviana, que havia voltado do Brasil há pouco tempo, sugeriu que Yessenia e Gabriel realizassem o tratamento no país vizinho. "Tinha um amigo do meu pai que morava aqui. Portanto, peguei minhas coisas e vim." Mãe e filho desembarcaram no Brasil no dia 5 de maio de 2010. Após uma internação rápida em São Bernardo, o menino foi transferido ao Hospital Mário Covas, em Santo André.

No dia 24, Gabriel realizou uma biópsia. A ideia de morar com o amigo do pai caiu por terra quando este se mudou para Minas Gerais. "Não conhecia ninguém e não entendia a língua. As pessoas falavam e falavam e eu não entendia nada. Fiquei muito deprimida", comentou Yessenia. Foi quando surgiu a oportunidade de morar na Casa Ronald McDonald ABC, em Santo André.

O local de tratamento é literalmente a casa de Yessenia e Gabriel. "Passamos o dia inteiro aqui. Ele passa por diferentes médicos e o restante do tempo na brinquedoteca, que é aonde ele mais gosta", disse a boliviana. Gabriel passa por sessões constantes de radioterapia e quimioterapia, além de tratamento dentário e dermatológico.

Não foi somente Yessenia quem sofreu com a distância da Bolívia. Gabriel, ou Gabito, como é conhecido, demorou para se ambientar a uma nova cultura. "Ele ficou muito nervoso no começo do tratamento. Não conversava e tentava bater em todo mundo. Com o tempo, ele foi se soltando um pouco mais", comentou a mãe.

A doutora Lídia Keiko Hirai, 31, responsável pelo tratamento da criança, confirmou. "Ele sentia muita falta da família no começo do tratamento, o que é o normal para um menino da idade dele e que estranhava a língua. Com o tempo, ele foi se soltando."

Poucas vezes mãe e filho deixaram a Casa Ronald McDonald ABC. "Fomos no cinema, no McDonalds e no shopping. Ele adorou o playground e se divertiu bastante", lembrou Yessenia. Em dezembro, mãe e filho voltaram para a Bolívia para um período de férias.

No fim do ano passado, uma ressonância mostrou que o tumor diminuiu. "O quadro segue estável. Nosso medo era que o tumor aumentasse de tamanho, e isso não aconteceu", afirmou a médica. Ela disse que ainda é cedo para se saber se o menino ficará curado, pois o tratamento é longo.

Daqui a poucos dias, um novo exame será realizado para verificar se o menino segue em evolução. "Me falaram que o tratamento deve durar de três a cinco anos. Ficarei aqui o quanto for necessário", garantiu a mãe.

Yessenia tem muita confiança de que o filho irá se curar e ambos irão retomar a vida em Santa Cruz de La Sierra. A mãe sonha que, quando adulto, Gabriel se tornará um grande médico. "Eu também vou fazer um curso de enfermagem para ajudar as pessoas que mais necessitam e não podem contar com os tratamentos adequados. Quero fazer como esses brasileiros que me receberam muito bem e estão tratando o meu filho com muito carinho", finalizou.




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