Miriam Mehler iniciou a carreira artística em 1958, na montagem original de 'Eles Não Usam Black-Tie', de Gianfrancesco Guarnieri. A atriz estréia nesta sexta, no Espaço Cultura Inglesa – Higienópolis, em São Paulo, 'Diálogo com a Mãe', peça de J.E. Vendramini com a qual celebra 45 anos de teatro. Miriam atua ao lado de Nelson Baskerville. A direção é de William Pereira.

O texto coloca frente a frente, para um ajuste de contas, uma mãe e seu filho. Após tentar o suicídio, ele foi hospitalizado. “Os dois têm suas culpas e acusações. Estão lá para um provável, possível e ansiado perdão. São dois réus e dois promotores”, afirma Pereira.

Segundo o diretor, 'Diálogo com a Mãe' evita uma lição de moral por cair no “registro arquetípico”: “É uma variação poética sobre o relacionamento mãe-filho, um assunto banal, mas inesgotável, para o qual nunca se chegará a uma fórmula”. “É uma relação complicada, tema universal explorado desde o Édipo de Sófocles, que (Sigmund) Freud pegou para formular sua teoria”, diz Baskerville.

A tentativa de suicídio os aproxima. “Ela é uma mãe dominadora, que gostaria de ter o filho sempre ao lado, embora fale que não. Joga muito com a emoção, mas também é lúcida. Tem de amar e aceitar alguém diferente do que planejou. Ela tem a grandiosidade e a pequenez de todas as mães”, afirma Miriam.

Assinada por Pereira, a cenografia é despojada. “Diálogo com a Mãe é um espetáculo de câmara, pede cumplicidade entre público e atores. Trabalhamos com um espaço poético, livre do realismo. O teatro não é o espaço para reprodução do real. O texto é de uma grande humanidade. Quem quiser ver cenário pode ir a uma exposição de artes plásticas”, diz.