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Lalau deu calote de US$ 28 mil em banco nas Ilhas Cayman
Do Diário do Grande ABC
25/08/2000 | 18:05
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O juiz foragido Nicolau dos Santos Neto deu um calote de US$ 28 mil no Banco Santander, em agência localizada nas Ilhas Cayman (Reino Unido). Apesar de nao haver movimentaçao financeira na conta do juiz há pelo menos dois anos, o saldo está negativo, deixando a dívida em aberto. Durante o período em que o governo federal repassava recursos para as obras do Fórum Trabalhista de Sao Paulo, Nicolau movimentou US$ 5,9 milhoes pela agência do Banco Noroeste, posteriormente comprado, durante o processo de privatizaçao da instituiçao, pelo Santander, que herdou o prejuízo causado pelo juiz.

Nicolau é o principal acusado de ter desviado R$ 169,5 milhoes das obras do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Sao Paulo. Um técnico que colaborou na investigaçao da Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Judiciário especula que a dívida de Nicolau no Banco Santander teria levado a instituiçao a colaborar com as investigaçoes do Senado sobre o desvio de recursos do Fórum Trabalhista. Ao nao quitar o saldo negativo de US$ 28 mil, Nicolau teria dado um tiro no próprio pé. Ele também é correntista do Banco Santander em Genebra, onde possui a conta identificada pelo código Nissan.

O Santander informou ao Brasil a movimentaçao financeira de Nicolau em suas agências. É raro esse tipo de colaboraçao em investigaçoes sobre dinheiro enviado ao exterior por correntistas brasileiros. A Procuradoria-Geral da Suíça também bloqueou US$ 6,8 milhoes do juiz foragido na conta de Genebra. Essa é a única parcela dos recursos desviados do TRT que o governo tem garantia de que poderá recuperar.

A avaliaçao de que o Santander aplicou uma espécie de retaliaçao ao juiz Nicolau por ele nao ter quitado sua dívida com o banco é compartilhada também por integrantes do Ministério Público Federal. Procuradores da República encarregados do caso encontraram indícios de passagem de dinheiro de Nicolau por 12 países. Todos eles foram comunicados oficialmente pelo Ministério da Justiça e Ministério das Relaçoes Exteriores sobre a possibilidade de o juiz ter contas bancárias em seus territórios.

O governo brasileiro espera respostas desses países, principalmente aqueles que possuem acordos internacionais de combate à lavagem de dinheiro, para tentar repatriar os valores. Para concluir o processo, no entanto, é preciso a condenaçao criminal dos envolvidos, inclusive do juiz Nicolau.




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