Esportes Titulo
Cinco anos da morte de Serginho
André Battistini
Com Agências
27/10/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


Hoje completam exatos cinco anos de um dos momentos mais trágicos do futebol brasileiro. No dia 27 de outubro de 2004, aos 30 anos de idade o zagueiro Serginho do São Caetano teve uma parada cardiorrespiratória durante jogo contra o São Paulo, no Morumbi, e foi levado ao Hospital São Luiz já sem vida.

Nestes cinco anos foram muitas homenagens e elogios ao ex-atleta, mas o caso também foi marcado por muita polêmica, principalmente em torno do julgamento. Em 2005, o presidente do clube, Nairo Ferreira de Souza, e o médico Paulo Forte foram indiciados por homicídio doloso (quando existe intenção de matar), e o processo alegava que os dois sabiam de um problema de saúde do jogador, mas mesmo assim permitiram que ele continuasse atuando.

Na época, os advogados de Nairo e do médico negaram que o clube tenha recebido laudo do Incor (Instituto do Coração) recomendando o fim da carreira do jogador. Em fevereiro de 2004, o Incor teria alertado em prontuário sobre o risco de morte se o zagueiro continuasse a praticar esporte de competição. Porém, após a morte de Serginho, o cardiologista Edimar Alcides Bocchi acabou se contradizendo, emitiu nota dizendo que o caso foi uma fatalidade e que o jogador apresentava "exame físico normal".

O caso foi para o Tribunal de Justiça de São Paulo, e depois para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) de Brasília, que mudou a classificação do processo para homicídio doloso para culposo (sem intenção), e depois acabou arquivado. Com isso, Nairo e Paulo foram considerados inocentes, e a Justiça entendeu que foi uma fatalidade.

Para o presidente do Azulão, o fato do caso com o zagueiro Serginho ter ocorrido na sequência da morte do camaronês Marc-Vivien Foe - morreu em junho de 2003 em partida da Copa das Confederações -, e do húngaro Miklos Feher - morreu em janeiro de 2004 em jogo do Campeonato Português-, causou um clamor público em busca de culpados.

"Criou-se um clima que o Brasil ia dar o exemplo e punir todo mundo. Fomos absolvidos em todas as estâncias. O julgamento provou a sociedade que não tínhamos culpa de nada e que fazemos um trabalho sério", afirmou Nairo.

Na esfera esportiva, o São Caetano perdeu 20 pontos no Campeonato Brasileiro de 2004, Nairo foi suspenso de exercer suas funções por dois anos e o médico Paulo Forte em quatro. "Fomos punidos na Justiça Desportiva, mas após dois anos já estávamos absolvidos. Cumpri 11 meses da pena e o Paulo um ano e meio", declarou.

Já o promotor do caso, Rogério Leão Zagallo, não ficou contente com o desfecho do processo. Para ele não havia base jurídica para a decisão tomada pelo STJ. "O direito de produzir provas não me foi dado. Existiram fatos estranhos nesse processo", declarou o promotor.

ELOGIOS - O presidente do São Caetano afirma que o dia 27 de outubro é uma a data lembrada com muita tristeza pelo clube. Com a voz embargada, ele conta que Serginho foi um dos principais profissionais que já defendeu a camisa do Azulão.

"Passaram muitos jogadores dedicados no São Caetano neste período, mas ninguém com o mesmo espírito dele. O Serginho tinha muita raça e brigava sempre pela vitória", afirmou Nairo, que compara jogadores do atual elenco como o zagueiro Marcelo Batatais e o volante Adriano a Serginho.

Já o irmão Daniel Oliveira espera que o nome de Serginho seja sempre lembrado. "O brasileiro tem a mania de esquecer rapidamente das pessoas, mas acredito que ele fique marcado no futebol, principalmente quando houver a preocupação com a saúde dos jogadores".

Serginho (Paulo Sérgio de Oliveira Silva) era um dos símbolos da ascensão do São Caetano. O ex-jogador passou parte da carreira em times pequenos de Minas Gerais e foi contratado em 1999 pelo Azulão junto ao Araçatuba.

"Ele ficou aqui por quatro anos. Era um jogador que apesar da idade tinha uma carreira muito promissora pela frente. Hoje ele é um espelho para os jogadores da base", avaliou Nairo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;