Freqüentou por vários anos as extintas oficinas de pintura e grafite Meninos de Arte, tanto na capital quanto em Santo André. Assim descobriu seu talento e investiu na idéia de se tornar artista plástico.
Atualmente Moisés trabalha em pinturas decorativas para a casa noturna Palladium, em São Bernardo, a ser inaugurada no próximo mês e que fica onde era a Tutti Frutti. O estabelecimento aproveita a realização da Olimpíada de Atenas (a partir de agosto) e explora o tema mitologia grega. É uma de suas primeiras atividades profissionais na condição de artista.
“Nem sabia o que é mitologia grega. Estou aprendendo sobre o assunto com esse trabalho”, afirma Moisés, que concluiu o ensino médio e agora batalha para se tornar universitário.
Sobre o reboco das paredes da Palladium ele retratou uma série de deuses e deusas, obras inspiradas em imagens de livros emprestados. Primeiro esboçou com pincel atômico sobre fundos monocromáticos. Depois pintou com tinta látex.
São obras que demonstram a intimidade com a linguagem pictórica: boa exploração dos volumes, perspectiva, movimento, luz e sombra. Para o observador, a impressão é de que a pintura é uma escultura.
Em casa – Humilde, Moisés mora em uma casa de alvenaria no Conjunto Habitacional São Nicolau junto com o pai (Manoel), a mãe (Madalena), o irmão (Wanderson), a cunhada (Helen), dois sobrinhos (Daniel e Daniela) e a irmã (Raquel). A mãe, 50, revende cosméticos, e o irmão, 26, é padeiro.
O pai de Moisés, 54, que foi metalúrgico em São Bernardo, perdeu o emprego em 1991 e não conseguiu mais voltar ao mercado formal de trabalho.
A crise do setor industrial do Grande ABC, no início dos anos 1990, afetou a vida de Manoel assim como a de milhares de outros trabalhadores. Pesquisa do Imes (Centro Universitário Municipal de São Caetano) realizada à época informa que os índice de emprego na indústria da região havia sofrido queda considerável a cada ano: em setembro de 1990, 51,2% da população economicamente ativa trabalhava no setor; em março do ano seguinte, 44,2%; e, em março de 1992, 42,9%. A década passou nesse embalo e, como a família de Moisés, muitas outras que formam essa estatística medonha sofreram grave desestruturação social.
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