Heróis sempre têm segredos e, na maioria das vezes, vivem com a cabeça cheia de dúvidas. Com Astro Boy, nome do personagem e da animação em 3-D que estreia nas telonas na sexta (22), não é diferente. O robô vivia em Metro City, onde tudo parecia perfeito. A ilha, na realidade, é um pedacinho da Terra que foi elevado ao céu depois que o planeta ficou completamente tomado por lixo.

Ele pensava ser Toby, filho do criador de robôs Dr. Tenma. Após ser rejeitado pelo pai, descobre que é máquina criada para substituir o garoto verdadeiro, que morreu num acidente. Nem imagina que carrega consigo poderosa fonte de energia positiva azul, que só faz o bem.

Confuso, o robô-menino parte numa aventura para saber quem é e qual o seu lugar. Afinal, é complicado descobrir de sopetão que não é humano nem tem família. Sem imaginar que tem gente de olho em seus poderes, Astro é perseguido pelos soldados do maluco Stone, que deseja ganhar novamente as eleições de Metro City e dominar o planeta. Na fuga, ele cai na superfície da Terra e encontra humanos vivendo ainda no local.

Lá, faz amizades e conhece o inventor aparentemente bonzinho Hamegg. O cara sabe o segredo de Astro e o obriga a participar de batalhas contra outros robôs. Mas esse não é o maior desafio. A energia azul que carrega tem um oposto: a igualmente poderosa energia vermelha do mal, que dá forças a um robô destruidor. É nessa grande luta que Astor vai descobrir se seu destino é ser simples máquina ou herói de verdade.

Personagem surgiu primeiro no papel

 Quando Astro Boy surgiu, você nem tinha nascido. Ele é o protagonista do mangá (história em quadrinhos japonesa) criado em 1952 por Osamu Tezuka (1928-1989). Em 1963, o artista fez a versão em animação para a TV, considerada o primeiro animê (desenho japonês). Depois o menino-robô ganhou outras séries produzidas nas décadas de 1980 e 2000.

Osamu Tezuka é um dos mais importantes desenhistas japoneses. Chamado de deus do mangá e pai do animê, ele revolucionou os traços na época. Foi responsável, por exemplo, pela criação dos olhos grandes, que caracterizam os personagens japoneses. Entre suas obras estão Kimba, o Leão Branco, de 1950, que alguns dizem ter inspirado Rei Leão.

Mangá é diferente de gibi

Mangá é o nome das histórias em quadrinhos japonesas. Ao contrário dos gibis do Ocidente - em que a leitura é feita da esquerda para a direita -, os do Japão são lidos em ordem inversa: do fim para o começo e da direita para a esquerda.

Os traços dos desenhos também são diferentes. Depois que Osamu Tezuka criou Astro Boy, todos os personagens passaram a ter olhos grandes e expressões exageradas. Em geral, no Japão, as histórias são publicadas em preto e branco e em papel reciclado. Por isso, as edições são bem baratas.

O mangá chegou ao Brasil na década de 1980. Hoje, faz um baita sucesso, principalmente entre os adolescentes, tanto que a Turma da Mônica e a Luluzinha ganharam versões na técnica. Além dos brasileiros, o estilo conquistou norte-americanos, franceses e alemães. No Japão, não importa a idade, existem publicações para todo mundo. Em geral, histórias com muita ação e aventura são destinadas aos meninos; outras, cheias de romance, conquistam as meninas. Tem ainda mangás feitos apenas para os adultos.

Astro Boy não foi o único a virar animê. Há muitos personagens que saíram do mangá e foram para a telinha. Entre eles estão Naruto, Pokémon, Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon, Sakura Card Captors e Yu Yu Hakusho. Todos fazem sucesso.

Robô foi para o cinema antes de existir de fato

Cerca de três décadas antes de o primeiro robô ser criado, a máquina já era personagem principal do filme alemão Metrópolis, de 1926. Era o Robotrix, a cópia de uma mulher. Depois dela, outros invadiram a telona. A dupla C-3PO e R2-D2 se mete em confusões na saga Star Wars. Estrearam em 1977, em Star Wars, Uma Nova Esperança.

Na TV, a robô Rose fez sucesso no desenho Os Jetsons, criado nos anos 1960. Ela é a empregada que faz tudo para a família: arruma a casa, lava e passa roupa, faz comida e ainda brinca com o menino Elroy.

Em O Exterminador do Futuro (1984), robô em forma de gente chega à Terra para destruir o garoto que no futuro salvará a humanidade do domínio das máquinas. Nas continuações, ele volta para proteger o menino.

O policial Alex Murphy vira robô para combater o crime em Robocop (1987). Descobre que era humano e tinha família, mas foi morto por criminosos. Ganhou versões para séries de TV.

O androide Andrew não é igual aos demais. Em O Homem Bicentenário, de 1999, usa a inteligência para ter uma vida feliz.

Em A.I., Inteligência Artificial (2001), David tem história parecida com a de Astro Boy: quer saber se é humano ou máquina. Depois de ser abandonado, parte em busca de uma família que o ame.

Em 2005, as máquinas ganharam animação só delas. Em Robôs, Rodney Lataria e os amigos têm de impedir que Dom Aço substitua os robôs velhos por modelos novos.

A série de desenhos Transformers, da década de 1980, ganhou adaptação para o cinema em 2007 e continuação em 2009. Na trama, os personagens fazem parte de duas raças de alienígenas: os Autobots protegem a Terra dos Decepticons que desejam destruí-la.

Wall-E conquistou fãs de todas as idades em 2008. Ele tem de limpar a sujeira que a humanidade deixou há 700 anos, quando todos abandonaram a Terra. A chegada da robozinha moderna Eva muda o destino de Wall-E e dos humanos.