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'Quebrando Códigos' estréia em SP
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
13/08/2003 | 22:24
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Alan Turing (1912-1954), precursor da informática, tem sua trajetória passada a limpo no teatro. Quebrando Códigos, do inglês Hugh Whitemore, estréia sexta no Espaço Promon, em São Paulo, com Carlos Palma no papel de Turing. Roberto Vignati assina a direção da montagem. Oswaldo Mendes, Flavia Pucci, Rubens de Falco e Arlette Montenegro também integram o elenco.

O título da peça se refere à atuação de Turing na Segunda Guerra, quando decifrou os códigos de comunicação relacionados aos submarinos alemães, e à sua homossexualidade, reprimida pelas leis britânicas de então. A peça coloca em alto relevo tanto o cientista que estabeleceu fundamentos da ciência da computação como o homossexual.

"Quebrando Códigos fala de ciência, mas com uma abordagem humana. Se a atuação de Turing foi fundamental para a ciência, sua tragédia pessoal é relevante. A ambição dele de construir uma máquina pensante é decorrente da fragilidade humana", diz Palma. Turing se suicidou provavelmente por causa da depressão provocada pelo processo judicial por conduta indecorosa e pelo tratamento hormonal ao qual teve de se submeter para se livrar da homossexualidade.

Amarrado em torno das lembranças de Turing, o espetáculo se compõe de dois planos, o da memória e o real. "O prólogo deixa claro como o plano da memória puxa o real", afirma Vignati. Enquanto o personagem de Palma mantém a mesma roupa, os demais mudam conforme o ano em que estão – 1929 ou 1951 ou outros. Mendes interpreta o delegado; Flavia, uma colega de Turing apaixonada por ele; De Falco, o chefe do serviço secreto inglês; Arlette, a mãe do cientista.

O diretor frisa a importância da memória. "A TV pasteuriza (o pensamento) de forma violenta, faz a juventude esquecer que existe história. A peça faz o público pensar sobre o comportamento em diferentes épocas. A minha avó, por exemplo, contava que nunca viu o corpo do meu avô", diz.

Para Palma, o espetáculo traz em seu bojo uma discussão moral sobre o limite até o qual se pode atuar na sociedade sem entrar em choque com os seus padrões. "Os choques do delegado com a atitude de Turing dão um painel de comportamento social". Segundo o ator, o trabalho de cientistas se aproxima do de artistas. "Ambos têm poder de imaginar coisas", afirma. E acrescenta: "Com a acomodação do pensamento, perde-se o furor criativo".

Quebrando Códigos – Teatro. De Hugh Whitemore. Direção de Roberto Vignati. Com Carlos Palma, Oswaldo Mendes, Flavia Pucci, Rubens de Falco, Arlette Montenegro. Quintas a sábados, às 21h, e domingos, às 19h. No Espaço Promon – av. Juscelino Kubitschek, 1.830, São Paulo. Tel.: 3847-4111. Ingr.: R$ 30. Até 28 de setembro.




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