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Rede TV! insiste em Betty pela audiência
Rodrigo Teixeira
Da TV Press
22/05/2003 | 20:14
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Betty, a Feia completa um ano no ar e pode ser considerada uma verdadeira bênção para a Rede TV!. A trama colombiana, produzida em 1999, teve sucesso em seu país de origem, na América Latina e nos Estados Unidos. E no Brasil, terra da telenovela, a emissora se mantém na terceira colocação em pleno horário nobre. Exibida na faixa em que a Globo tem na grade de programação o Jornal Nacional, a Rede TV! conquista seis pontos de média e oito de pico. Distante dos 37 de média da poderosa Globo, mas bem próximo dos nove de média que o SBT alcança com a adaptada Jamais Te Esquecerei. A Record e a Band, mesmo com produções próprias, perdem para Betty e comemoram quando batem nos cinco pontos.

Na verdade, a Rede TV! poderia ter feito estrago maior na concorrência com Betty, a Feia. A produção quase foi comprada pela própria Globo, para não deixar que ela caísse na mão da concorrência. Logo que estreou, chegou a dar 12 pontos de pico e só não foi mais longe porque a Rede TV! resolveu esticar sem nenhuma cerimônia os 169 capítulos da trama original.

Ficou evidente que a Rede TV! se importou mais com o seu departamento comercial do que com os espectadores. A emissora prefere desfigurar um programa que está rendendo audiência a exibi-lo da maneira mais interessante. Em todos os capítulos há um retrospecto do que aconteceu no dia anterior e, no final, as cenas do próximo capítulo. Como as novelas importadas já têm a característica de ter poucos personagens e núcleos, a sensação é que nada acontece. Pior: a novela quase não tem cenas externas e quase um só cenário, o da empresa Eco Modas.

Seria desastroso se Betty, a Feia não tivesse um argumento de fácil compreensão para as faixas infantil, juvenil e adulta. Em qualquer lugar do mundo existem pessoas na situação da protagonista vivida por Ana Maria Orozco. A feiosa é maltratada por seu aspecto físico, o que é tema até mesmo de clássicos infantis. Mas em vez de fazer um dramalhão com o argumento, faz o público rir da desgraça da personagem e ela própria tem humor para rir de si mesma. Até porque Betty, de feia, não tem nada e é este abrupto processo de embelezamento que a Rede TV! perdeu no estica-e-puxa da trama.

Existem outras personagens que brilham além da própria Betty, o que é raro nas produções importadas. A atriz Lorna Paz, que vive a afetada secretária perua Patrícia, está bem no papel de antagonista e só não aparece melhor porque a sua dubladora no Brasil deixa a desejar. O melhor amigo de Betty, o feioso Nicolas Mora, também é bem defendido pelo ator Mario Duarte. E o quartel da feias – amigas horrorosas que sobem na empresa junto com a ascensão de Betty – serve como uma escada perfeita para a protagonista aparecer.

A novela possui justamente a principal característica que falta às produções brasileiras para fazer sucesso no exterior: ingenuidade. Por outro lado, falta o elemento que faz tanto sucesso das novelas brasileiras no próprio país: a sensualidade. Betty mais sonha em ser beijada do que beija de fato. Para ver mais do que isso, é preciso mudar de canal.




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