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A coleção de André Lima primou pela elegância e também agradou o público que lotava a sala. Carlota Joaquina, última a desfilar, com inspiração nos bichos, trouxe peças jovens e modernas. Com o tema Industrial Renaissance, Reinaldo Lourenço levou à passarela modelos/operárias/renascentistas com macacões, calças, jaquetas, casacos e blusas de tecidos como jérsei, jacquard, cetim, seda, algodão com tratamento de teflon encerado e envelhecido, metal, lã e tapeçaria. O volume das roupas, com sobreposições, amarrações e fivelas, é presença marcante na coleção para o próximo inverno. Nas cores, ele apostou no chumbo, cinza-mescla, rosinha, azul-claro, cru, creme, pó-de-arroz.
Destaque para as aplicações em metal brilhante em formas geométricas nas camisetas, jaquetas e calças. Do Renascimento ele trouxe também as golas altas, numa releitura da chamada gola rufo, os bordados em tapeçaria e as peças com capuz.
Lino Villaventura mais uma vez deixou a platéia sonhar com seu verão inspirado no universo do compositor Erik Satie (1866-1925), um dos principais transformadores da música erudita. Seguindo a tônica principal desta edição do SP Fashion Week, Lino preferiu não transformar seu desfile em show, tanto que a maquiagem dos modelos era serena, apenas com as sobrancelhas em evidência. No cabelos das mulheres, coques bem altos e fofos, para os meninos, um pouco de ousadia nos penteados armados lateralmente.
O estilista não fugiu das amarrações e dos laços, assim como provou mais uma vez ser o mestre nas tramas e texturas, em bordados e em trabalhos manuais feitos com fios tactel . Os apliques de cristal em blusas, jaquetas e vestidos deram o tom luxuoso à coleção, que trouxe sedas, linhos, crepes de algodão, tapeçaria, chenile e jeans. Nas cores, preto, branco e cinza, pontuados por vermelho, vinho, pérola, marfim, ouro, entre outros tons. Camisas compridas surgiam combinadas com calças largas ou bem justas.
Vestidos justos, mas com movimentos, golas altas, transparências e bom gosto foram os destaques da coleção.
Ronaldo Fraga, o mais autoral dos criadores de moda brasileiros da atualidade, mais uma vez subverteu o conceito de desfile e ao invés de levar modelos para a passarela resolveu colocar suas roupas em manequins feitos de compensado de madeira, que giravam num trilho de rondanas que lembrava tanto carrossel (pela música de realejo), quanto aqueles transportadores de carne de frigorífico (ao forte som de tango). Apesar de ele dizer que pensou na exibição de forma lúdica, o tema de sua coleção foi Corpo Cru. A engenhoca de girar quebrou, justamente na hora que tocava La Cumparsita. Parecia que os manequins dançavam ao ritmo da melodia. Nessa hora entrou o plano B: as camareiras começaram a entrar com os moldes vestidos com as roupas e com as meias pernas tiradas de manequins da loja.
A coleção do estilista mineiro trouxe também pregas, nervuras e pences, em georgetes com Lycra, costurados e bordados, algodão com Tactel e falso couro com memória, que remete a pele enrugada e marcada. Nas estampas, cortes de carne crua, vasos sangüíneos, seios, além de aplicações que lembravam células. Tudo para que os tecidos façam as vezes de pele. Ele não segue muitas tendências, mas estavam lá vermelhos, marrons, pretos e azuis-marinho profundos, para contrabalançar, o branco e verde-água. Nas formas, nada muito justo. Vale destacar as nervuras que formavam desenhos quadrados nas camisas, saias, vestidos e calças.
A platéia, que aplaudiu em pé, já havia se mobilizado antes por conta dos brindes: além de camisetas e aventais, até a fila D os felizardos ganharam um conga preto com solado vermelho e desenho dos indefectíveis óculos do estilista. Muita gente sentou onde não devia apenas para abocanhar o seu.
Já André Lima optou pelo glamour em suas peças e mostrou calças retas, babados nas barras dos vestidos, mangas no estilo balonê, terninhos, bermudas, tops, capas de tricô, cintos largos. A coleção do estilista também acertou nos calçados e optou em grande parte dos looks por sandálias ou escarpins. As bolsas combinando com o paletó também foram o ponto alto, assim como o acessório feito com couro e pérola, que fez a vez de cintos e também colares. O preto, amarelo, laranja e bege são cores que vão predominar no guarda-roupa de inverno da coleção feminina de e André Lima.
Carlota Joaquina trouxe sua moda jovem à passarela e apostou em macacões drapeados, blusas de matelassê com ou sem aplicações de outros tecidos, saias de babados, calças com amarrações de fitas e sobreposições de camisetas. A estilista Carla Fincato optou pelas cores preto, cinza, rose, pele e cru. O veludo cotelê e a camurça também puderam ser vistas em algumas peças da coleção.
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