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Grande ABC é o quinto polo de consumo do País
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
09/05/2010 | 07:29
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Os moradores do Grande ABC estão com mais dinheiro no bolso. O consumo dos mais de 2 milhões de habitantes deverá ultrapassar a marca dos R$ 44,7 bilhões, colocando a região como quinto maior mercado consumidor do País, somente atrás das capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, segundo cálculos da empresa de pesquisa IPC Marketing.

Em relação ao ano passado, o potencial de consumo saltou 27,14%, tornando a perspectiva de crescimento da região superior à média nacional. De acordo com o estudo IPC Target 2010, de cada R$ 100 investidos na compra de produtos ou serviços pelos brasileiros, R$ 2,03 são de responsabilidade das sete cidades. Ou seja, a região responde por 2% de todo o consumo brasileiro.

"Todas as cidades registraram aumento na intenção de gastos, com destaque para São Bernardo, maior consumidor da região. Colaborou para esse resultado a geração de empregos que segue, principalmente, no setor de serviços", analisa o diretor do IPC, Marcos Pazzini.

No ano passado, a proporção de compras na região era de R$ 1,89 para cada R$ 100. O estudo também mostra que sustentados pelo crescimento de crédito, renda e emprego, os brasileiros devem movimentar R$ 2,2 trilhões no ano.

De maneira geral, as famílias vão investir 22,2% a mais de dinheiro na aquisição de bens e serviços em relação a 2009. O levantamento é realizado a partir de informações do Ibope, IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e Ministério da Fazenda, entre outras fontes oficiais, usando metodologia da própria empresa.

Considerando a colocação individual das cidades da região no ranking nacional, São Bernardo ocupa a 15ª posição no País e a quarta no Estado. Santo André aparece como 17ª nacional e quinta estadual, seguida por Mauá, que figura na 51ª e 15ª, respectivamente. Logo depois vem Diadema (52ª e 16ª), São Caetano (73ª e 22ª), Ribeirão Pires (199ª e 66ª) e por último Rio Grande (548ª e 158ª).

EMPRESAS
A quantidade de companhias instaladas no Grande ABC avançou 3%, saindo de 92.455 para 95.202. O setor de serviços é destaque, representando bem mais da metade das empresas, com 52.262 unidades. Em seguida, aparece a indústria somando 10.290 estabelecimentos, o comércio (32.547) e a área de agronegócio com 103 empresas.


Nova classe média sustenta crescimento

As classes que vão sustentar o consumo e atrair investimentos das empresas no Grande ABC vão ser, principalmente, as B1, B2 e C1. Foram justamente elas que tiveram crescimento em relação a 2009, com possibilidade de representarem, juntas, 64,3% dos domicílios na região.

O destaque é para a C1, cuja renda familiar varia entre R$ 1.400 e R$ 2.299 por mês (ver quadro na página 3). Na região, 208.674 pessoas estão nesta classe. No País, as famílias da nova classe média, encontradas na B2 e C1, terão avanço ainda maior.

Em Mauá, o cabeleireiro Samuel Ramos Pereira, 45 anos, e a mãe Maria, aposentada, somam rendimentos de R$ 4.200. Eles são exemplo dessa classe, ávida por novidades e com poder de compra.

No ano passado, a família comprou micro-ondas, purificador de ar, frigobar e celulares e isso não fica restrito a bens de consumo. "Fui para Argentina duas vezes e uma para o Chile. No fim do ano irei para a Europa", ressalta Samuel.

Essa é uma reação em cadeia, porque os clientes do salão do microempresário estão cuidando do visual com mais frequência. "As clientes faziam apenas os serviços básicos; agora cortam, escovam e hidratam o cabelo, além de comprar produtos de beleza nacionais e importados." Ele também trocará o carro ano 2008 nos próximos meses.

Na pesquisa da IPC Marketing, 27,6% dos brasileiros deverão gastar dinheiro na manutenção do lar (aluguel, água, luz e telefone), no grupo outras despesas (supérfluos e lazer) e em alimentos e bebidas, com 19,7%.

 

 

Famílias de classe A superam as da E

O número de famílias pertencentes à classe A1 no Grande ABC é superior àquelas integrantes da E, aponta a empresa IPC Marketing, que realizou estudo sobre potencial de consumo no País para este ano. São 5.730 domicílios com renda igual ou superior a R$ 14,4 mil frente a 4.914 famílias com ganho médio mensal de R$ 400.

De acordo com o diretor da IPC, Marcos Pazzini, as famílias de baixa renda estão diminuindo na região, pois o aumento das finanças faz com que famílias das classes C2 e D avancem para a C1 e B2.

"É tendência no País. Os domicílios ligados à A1, A2 e B1 estão com contingente menor, entretanto, o consumo continua em ascensão", analisa Pazzini.

O curioso é que até 2009 o número de famílias de baixa renda no Grande ABC era superior às de alta. Eram 6.950 domicílios de classe E ante 6.694 considerados A1 pelo estudo.

O empresário do setor de eventos Márcio Mathias, 40 anos, sente que houve avanço na economia do País desde o segundo semestre do ano passado. "O número de eventos que realizamos neste ano é maior. A média chega a 12 por mês, enquanto no mesmo período de 2009 eram oito."

Como reflexo, o poder de consumo da família aumentou, principalmente, os gastos com lazer e viagens. "Estamos viajando acima do que poderíamos. Já fizemos duas viagens pelo País", brinca o empresário andreense.

A família Mathias embarcou ontem para Miami, nos Estados Unidos, para fazer compras. Mais dois embarques internacionais estão previstos para este ano. (Alexandre Melo)




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