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Incêndio destrói obras do artista Hélio Oiticica no Rio de Janeiro
17/10/2009 | 10:19
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Um incêndio na noite de sexta-feira na residência do arquiteto César Oiticica, no bairro do Jardim Botânico, Zona Sul do Rio, destruiu grande parte do acervo de uma dos mais importantes artistas plásticos brasileiros, Helio Oiticica. De acordo com o arquiteto, irmão de Helio, 90% da obra do pintor, escultor e artista conceitual, avaliado em US$ 200 milhões, foi perdido com o incêndio. As obras não tinham seguro.

César Oiticica disse que estava jantando em casa quando foi alertado por uma empregada sobre o fogo. As causas do incêndio são desconhecidas. Segundo César, a sala onde estavam guardadas as obras era adaptada para funcionar como uma reserva técnica e não havia nada de inflamável no local.

Os bombeiros foram chamados, mas quando chegaram, o fogo já havia destruído o acervo. "O valor perdido em dinheiro não significa nada, comparado perda de obras que o mundo inteiro vai lastimar", afirmou César.

"Fracassei. Porque minha missão, depois que me aposentei, era cuidar da divulgação e da guarda da obra dele. Me sinto péssimo" disse o irmão. Ele estava jantando com a mulher e um casal de amigos no segundo andar no momento do acidente.

Posição oficial - A secretária municipal de Turismo, Jandira Feghali, divulgou nota dizendo que tentava levar o acervo de Oiticica para o Centro. "Este acervo não estava mais no Centro Hélio Oiticica quando assumimos a secretaria no início de janeiro e, apesar de nossos esforços, não conseguimos trazê-lo de volta, em regime de comodato, como acontece com o acervo do colecionador Gilberto Chateaubriand, no MAM e com o acervo do colecionar João Satamini no Museu de Arte Contemporânea de Niteroi", diz a nota.

O comunicado também lamenta a perda da obra de um artista tão importante, pede a apuração das causas do incêndio e informa que pediu ajuda ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para a recuperação do máximo possível.

Vida e arte - Um dos artistas plásticos brasileiros de maior renome internacional, com obras expostas em vários países, o carioca Helio Oiticica, nascido em 1937, participou nos anos 50 do movimento neoconcretista, ao lado de nomes como Ligia Clark, Amilcar de Castro e Ferreira Gullar. Nos anos 60, ficou conhecido por obras conceituais, como as capas coloridas chamadas por ele de parangolés e instalações, os penetráveis. Também foi um dos inspiradores do movimento tropicalista, em 1968.

Na década de 70, Helio Oiticica morou durante oito anos em Nova York. De volta ao Rio, faleceu em 22 de março de 1980. Um ano após sua morte, foi criado no Rio o Projeto Helio Oticica, para preservar a obra do artista. A prefeitura do Rio criou, em 1996, o Centro de Artes Helio Oiticica, instalado num prédio do século 19, próximo Praça Tiradentes, no centro do Rio. Além de exposições temporárias, o espaço abriga uma parte pequena do acervo de Helio Oiticica.

 




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