Economia Titulo
Consumo das famílias cai 3,8% em fevereiro
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
03/03/2011 | 07:30
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Orlando Filho/DGABC


As famílias paulistas fecharam mais os bolsos em fevereiro. O ICF (Índice de Consumo das Famílias) da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) recuou 3,8% no mês contra janeiro.

O indicador está em 136,2 pontos, o que significa que, apesar da baixa, os consumidores mantêm disposição para consumo. Pontuação acima de 100 representa satisfação quanto às condições financeiras. No comparativo com fevereiro de 2010, houve mais quedas de 1,2%.

Apesar de os dados englobarem todo o Estado, o Grande ABC apresenta cenário mais otimista. É o que reforça o assessor da presidência da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Nelson Tadeu Pasotti Pereira. Ele conta que, com base nos indicadores da entidade e avaliações junto aos associados, não houve muitas oscilações no período frente a janeiro.

"Como os comerciantes estão usando a criatividade para as vendas, ninguém falou em queda", sustenta Pereira. Para mensurar a procura dos consumidores, o representante cita os automóveis como exemplo. "Há casos de veículos com espera até abril e maio, por conta da procura elevada."

MEDIDAS ECONÔMICAS - O assessor econômico da Fecomercio, Guilherme Dietze, afirma que a redução do consumo no mês passado é reflexo das medidas da União a fim de conter a inflação.

As medidas macroprudenciais, como elevação da Selic (taxa básica de juros), aumento dos compulsórios aos bancos (parcela obrigatória dos recursos disponíveis para empréstimos que os bancos deixam com o Banco Central), além de cortes fiscais - de R$ 50 bilhões do Orçamento de 2011, já causam o efeito previsto: de desestimular a economia.

"O acesso menor ao crédito, fruto das políticas do governo, vêm impactando na renda e no consumo das famílias. Não é que elas cairão, mas irão crescer menos neste ano", destaca.

Ainda como decorrência do quadro econômico, o nível de consumo atual, que faz parte do ICF, caiu 15,2%, encerrando fevereiro com 98,9 pontos, representando insatisfação.

É o menor balanço desde o início da série para o índice, iniciado em agosto de 2009. Dietze revelou que essa pontuação será preocupante caso continue em declínio, próximo de 90 pontos.

Ele reitera ainda que será necessário, inclusive, adotar política econômica oposta à vigente para a manutenção do indicativo. "Aí é preciso voltar com as políticas mais expansivas do que restritivas, como redução do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) para bens duráveis, a fim de elevar o consumo."

O quesito momento para comprar bens duráveis foi o único com variação positiva no mês, o que não impediu a queda do ICF. Mesmo com crédito oneroso, as liquidações contribuíram para a alta de 6,6% no índice. Assim, o indicador foi a 145,2 pontos.

Compras seguirão em declínio até junho, diz especialista

Após a segunda queda consecutiva mensal do ICF - em janeiro também houve recuo de 3,8% no indicador, na comparação com dezembro -, Dietze, da Fecomercio, prevê tendência de declínio até junho.

As famílias paulistas se sentirão animadas para o consumo apenas no início do segundo semestre. Ele defende que é o tempo necessário para que os esforços da União a fim de frear a economia alcancem a meta. "Reflexo dessa tendência são as altas dos juros para os consumidores e os compulsórios bancários, que afetam mais segmentos do que o normal, encarecendo o crédito."

Dietze estima que dificilmente o indicador recuará abaixo dos 100 pontos em 2011; o que demonstraria insatisfação das famílias quanto às condições financeiras. Novas safras de alimentos - um dos itens que têm elevado a inflação neste início de ano - estão previstas para os próximos meses. Com mais oferta, haverá realinhamento de preços. "Teremos equilíbrio do meio do ano para frente. Com sobe e desce pouco expressivo até o fim do ano", prevê.




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