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Internação de usuário de maconha não é indicada
Guilherme Russo
Do Diário do Grande ABC
01/11/2009 | 07:36
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Considerada leve e de moderado potencial de dependência, a Cannabis sativa - nome científico da maconha - causa estado de alucinação que implica alterações da percepção regida pelos sentidos, pelos pensamentos e pelo humor. Segundo especialistas, a droga pode até favorecer o aparecimento de doenças mentais. Mas, em nenhum caso, a internação do usuário em clínicas para dependentes químicos é recomendada por psiquiatras e terapeutas.

"As drogas fazem mal. Todas. Com a maconha, há casos que demonstram que, em certas circunstâncias, quem usa desenvolve certas psicoses. As outras (drogas) todas fazem mais mal ainda. O tabaco faz mal, o álcool também. Agora, há muita campanha (educativa) contra o uso do tabaco, do álcool", afirma Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que presidiu o País entre 1995 e 2002. "Agora, no caso da droga, todo mundo faz de conta que não (faz mal), que tem a polícia (para lidar com os usuários). Então, não existe nenhuma campanha contra", conclui.

A psicóloga Edna Bertini, da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) explica que as alterações nos sentidos provocadas pela maconha são percebidas principalmente na visão, na audição e no olfato. De maneira geral, o efeito alucinógeno da maconha aguça esses sentidos.

Nas alterações cognitivas, mais especificamente no que tange o pensamento, a memória e a atenção, o consumo da erva pode causar um estado de letargia, que, principalmente quem fuma muito, experimenta quando está sob o efeito da droga.

Alterações no humor também são percebidas pelos usuários. Vão desde a euforia, que pode aparecer como uma sensação de bem-estar, ao relaxamento, em alguns casos, e até o que a psicóloga qualifica como "mal-estar psíquico", que pode chegar a ataque de pânico, caso o usuário tenha essa predisposição.

O efeito mais descrito pelos usuários é a fome que aparece depois de fumar maconha. Segundo a especialista, isso acontece porque a maconha altera o funcionamento de neurotransmissores chamados canabinoides, que participam do controle da ingestão alimentar.

Por isso, o THC - princípio ativo da erva - já está presente em medicamentos indicados para melhorar o apetite de portadores do vírus HIV. Por atuar no cerebelo - parte do cérebro responsável pelo equilíbrio, entre outras coisas - a erva é indicada ainda para combater náuseas causadas pela quimioterapia, em tratamentos de câncer.

Segundo especialistas, a maconha é recomendada ainda no tratamento de glaucoma, de esclerose múltipla e de síndrome de Tourette.




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