A Prefeitura de Santo André e o megaempresário coreano Nam Ho Kim, que recentemente esteve no Paço para expor seus projetos, estabeleceram ontem protocolo de intenções que pode resultar em investimentos de US$ 1,090 bilhão, ao longo dos próximos anos.

O valor corresponde a R$ 1.960 bilhão, mesma quantia que o governo de Aidan Ravin (PTB) pretende arrecadar com impostos de munícipes e empresas instaladas na cidade e repasses dos governos estadual e federal neste ano. Ainda no campo das comparações, serão R$ 540 milhões a mais do que a receita orçamentária da administração no ano passado.

Se a parceria for concretizada, os recursos do próprio bolso do coreano serão aplicados nas áreas de Educação, Esporte, Infraestrutura e Saneamento Básico. Se fossem investido em creches, por exemplo, ao custo de R$ 500 mil cada uma, seria possível construir 2.180 unidades de Ensino Infantil.

Se o volume de dinheiro é considerado grande, o espírito altruísta do empresário é ainda maior. Nam Ho Kim não quer retorno financeiro dos investimentos que devem aportar em Santo André.

"Já viajei muito pelo Brasil e por outros países da América do Sul. Observei que há necessidade de preparar a juventude. Por isso dou ênfase ao setor educacional e ao saneamento básico. São áreas que afetam diretamente a vida das pessoas. É minha forma de contribuir para o desenvolvimento da população que precisa", observou o coreano, com tradução do integrante de sua equipe de apoio no País, Pak Chung

"Espero um futuro melhor para as crianças e a juventude", completou Kim, que está no Brasil desde o dia 10.

Nesse período, visitou várias cidades, mas sentiu "mais interesse, e maior receptividade" do grupo que trabalha junto ao prefeito Aidan Ravin, em Santo André.

O empresário, dono da TRG Project, também esteve em espaços que poderão receber os projetos, mas esses locais permanecem em sigilo para evitar especulações que podem dificultar a conclusão das negociações.

Os próximos passos para efetivar o convênio dependem da vinda de equipes técnicas do país asiático, que devem chegar a Santo André em até 60 dias. Para cada setor, serão transferidos de dez a 15 profissionais. A contrapartida da Prefeitura ainda não está definida. Dependerá das próximas conversas entre as equipes da administração e da Coréia.

Eles farão estudos de impacto ambiental, análises topográficas, verificação de contaminação de solo. A expectativa é de que o primeiro projeto deva estar pronto daqui a três anos. Trata-se de um campo de golfe integrado a uma escola de intercâmbio internacional. Os outros planos incluem a construção de uma hípica, um complexo hoteleiro, e sistemas de tratamento de esgoto e processamento de lixo.

Projeto pode gerar cerca de 10 mil empregos

Assim como o empresário Nam Ho Kim, a Prefeitura de Santo André também observa com bons olhos a possível parceria que resultará em novos empreendimentos e serviços na cidade. O protocolo de intenções foi assinado ontem pelo empreendedor e pelo secretário de Assuntos Jurídicos, Niljanil Bueno Brasil.

Segundo informações dos assessores do coreano, serão criados de dez mil a 12 mil empregos diretos e indiretos na região, desde a concepção dos projetos até o funcionamento dos programas.

"Vamos acompanhar as análises e promover outros contatos para avançar na concretização das atividades", ressaltou o secretário de Finanças da administração, Nilson Bonome.

O secretário de Gestão de Recursos Naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense, Eduardo Sélio Mendes Júnior, e o juiz da 7ª Vara Civil de São Bernardo, Gersino Donizete do Prado, também rubricaram o documento como testemunhas.