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Lula intervém na briga entre Lessa e Furlan
24/06/2004 | 23:36
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro nesta quinta-feira, em Nova York, que "o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é subordinado ao Ministério do Desenvolvimento" - numa reação à notícia sobre o agravamento das diferenças entre o ministro da área, Luiz Fernando Furlan, e o presidente do BNDES, Carlos Lessa.

"Não sei qual é a divergência", desconversou Lula, disposto a "não entrar na fofoca". Mas disse também: "não comento decisões de subordinados, pois, na hora que o presidente entende que um dos dois está errado, toma outras providências." A frase, segundo fontes ligadas ao presidente, valeria também para as diferenças entre outros dois ministros, José Dirceu, da Casa Civil, e Aldo Rebelo, da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República.

As declarações foram feitas por Lula ao fim da visita de três dias a Nova York - e, segundo essas fontes, retorna nesta sexta-feira a Brasília disposto a arrumar a casa. Embora satisfeito com a aprovação do salário mínimo de R$ 260 pela Câmara, mostrou o aborrecimento com as insistentes especulações sobre mudanças ministeriais e com a troca de acusações entre membros de sua equipe.

Dirceu e Rebelo - Incomodam muito o presidente as freqüentes notícias de que Dirceu estaria insatisfeito com as atuais atribuições e estaria articulando para retomar a articulação política do governo, hoje a cargo de Rebelo. Da mesma forma, não são do seu agrado outras especulações de que Dirceu poderia retornar ao Congresso - ele reelegeu-se deputado em 2002. Auxiliares do presidente asseguram que nenhuma mudança acontecerá antes das eleições municipais de outubro.

Lula pensou em reunir a equipe nesta sexta-feira à tarde, para tentar acertar os ponteiros com todos os ministros. Como uma das peças fundamentais da reunião, Rebelo terá de ficar em São Paulo, onde fará reuniões em separado. Nessa primeira etapa, o presidente deve conversar principalmente com Dirceu, para tentar dar um ponto final nos boatos.

As diferenças entre Lessa e Furlan agravaram-se com a recente decisão do presidente do BNDES de divulgar o planejamento estratégico do banco para 2004/2007 sem informar nem pedir a aprovação do ministro Furlan. Este não gostou, deixou isso claro e Lessa replicou dizendo-lhe que o BNDES está vinculado, mas não subordinado, ao Ministério do Desenvolvimento. Muitos adversários da presença de Lessa no BNDES - e, na prática, no controle das operações internas do ministério - entendem que ele vem ultrapassando os limites e que teria chegado a hora de tirá-lo do cargo.

Cauteloso, Lula evitou em seus três dias de movimentação em Nova York tomar uma decisão mais clara. "Não é normal que haja essa divergência, todos têm de trabalhar juntos para fazer as coisas fluírem com maior facilidade", também comentou o presidente nesta quinta-feira.

Convocação - Além das especulações em torno de mudanças no ministério, Lula terá outro nó para desatar ao chegar: a pressão de alguns parlamentares para que promova uma convocação extraordinária do Congresso em julho. O problema maior é que ficará difícil para o Planalto digerir um assunto que tomou corpo novamente no Congresso: a PEC (proposta de emenda constitucional) que permite a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado.

Ao fazer a convocação, a pauta ficaria a cargo do Poder Executivo e o presidente teria de incluir esse tema, o que não agrada ao Planalto, além de ter de arcar com o ônus político de pagar salários extraordinários aos deputados e senadores que, em seguida, desaparecerão de Brasília para cuidar das campanhas nas prefeituras.

Não está nos planos do governo interferir diretamente na questão da reeleição das duas Casas do Congresso, embora o Palácio do Planalto reconheça que o assunto ganhou força com a vitória do salário mínimo de R$ 260, como desejava o presidente.

Mas esse será um tema a ser administrado com muito cuidado por Lula para evitar novos problemas no futuro. O governo pretende ainda ver votadas as Leis de Falências e Biossegurança antes do recesso, mas sabe que não será possível votar a PPP (Parceria Público-Privada) e nem mesmo a lei que beneficiaria a construção civil.

Lula deve passar a manhã desta sexta-feira no Palácio da Alvorada porque só chega na madrugada a Brasília, onde deve gravar seu programa quinzenal de rádio. À tarde, já no Planalto, deve conversa com os ministros e preparar a agenda da semana que vem.




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