Tudo começou em 2006, quando tinha apenas 11 anos. Sua mãe comprou um detergente de lavar louças, que tinha um cupom de concurso para uma criança conhecer o Brasil. Ela enviou em nome do filho, que, assim como outros 180 africanos, passou por uma seleção. Apenas 12 sobraram e tiveram a chance de vir para o País do Futebol.
Dentre outros passeios, tiveram a chance de fazer testes no São Paulo. Só Ty foi aprovado e, em 2012, chegou como jogador da base. Sem alojamento em Cotia, local onde o time tricolor treina, ele ficava hospedado na casa de um casal de brasileiros, como numa espécie de intercâmbio.
O garoto ficou no time paulista por dois anos. "Pessoal gostou de mim e fiquei no clube até agosto de 2014, quando fui para o Grêmio. Antes, passei 15 dias treinando no PSV, da Holanda, mas não deu certo lá", contou o garoto de 21 anos, que faz parte do time B gaúcho.
Embora ainda não tenha atuado pelo time principal, o técnico Roger Machado pediu a sua renovação de contrato e avisou que pretende lhe dar oportunidades em breve.
A família de Ty ficou na África e ele só quer voltar para o país a passeio. Seu irmão, de 17 anos, também é jogador e defende um clube da África do Sul. "Nem pensei em trazê-lo para o Brasil, porque minha mãe iria morrer de tristeza. Já não basta um filho longe, né?", brincou o garoto, que fala português fluentemente.
DICAS - Fã do Arsenal e de Ronaldinho Gaúcho, ele quer fazer uma boa Olimpíada para voltar com moral e passar a ter mais chances no time gaúcho.
Como esperado, Ty pretende passar dicas sobre como jogam os brasileiros desconhecidos dos sul-africanos, já que ele está por dentro da equipe do técnico Rogério Micale. Ele também fala como atua o time africano.
"Temos um grupo talentoso, de muito toque de bola, que não é de força, como outras seleções africanas, mas de técnica", contou, sem prometer medalhas. "Temos que tentar ir o mais longe possível. Não sei se dá medalha, mas vamos lutar."
Sobre a seleção brasileira, destacou Neymar, Rafinha e Felipe Anderson como os principais jogadores. E Ty não foi convocado apenas por atuar no Brasil. Em 2015, ele fez parte da seleção que disputou a Copa Africana de Nações Sub-20 e, embora a África tenha sido eliminada na Primeira Fase, ele foi eleito para a seleção do campeonato, com três gols marcados.
Para o jogo contra o Brasil, o coração estará dividido. Ty contou que sonhou jogar na seleção brasileira, mas aceitou o convite de defender sua terra natal e terá uma situação curiosa, como por exemplo, ter de enfrentar seu companheiro de clube, o atacante Luan.
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