O PTB deixará de ser locomotiva no Grande ABC. A legenda, com forte tradição nas sete cidades, não lançará nomes às prefeituras da região pela primeira vez desde sua refundação, em 1981. Na eleição de outubro, a sigla aceitou papel coadjuvante e, no máximo, terá postulantes a vice nas chapas.

O fato expõe redução do poderio eleitoral dos petebistas no Grande ABC. Para se ter uma ideia, em 1982, 16 filiados se lançaram às administrações municipais – naquela época a legislação eleitoral permitia lançamento de mais de uma candidatura do partido a cargo majoritário.

Desde 1982, 14 petebistas foram eleitos prefeitos no Grande ABC, entre eles figuras históricas como Hermógenes Walter Braido (São Caetano), Newton Brandão (Santo André), Luiz Tortorello (São Caetano) e Cido Franco (Rio Grande da Serra). Em São Caetano, por exemplo, o partido esteve à frente do Palácio da Cerâmica por 30 anos seguidos, sequência interrompida em 2012, quando Paulo Pinheiro (PMDB), um ex-petebista, venceu Regina Maura Zetone (PSDB).

Em 2012, três militantes concorreram às vagas máximas da política local e, curiosamente, não seguem na sigla quatro anos depois: o ex-prefeito Aidan Ravin está no PSB de Santo André, a ex-secretária Regina Maura se filiou ao PSDB de São Caetano e o ex-vereador Irmão Ozelito migrou para o Solidariedade de Mauá.

O ápice de prefeitos petebistas foi registrado em duas oportunidades. No pleito de 1988, Luiz Tortorello (São Caetano), Luiz Carlos Grecco (Ribeirão Pires) e Cido Franco (Rio Grande da Serra) foram eleitos. Quatro anos depois – ainda sem oportunidade da reeleição –, outros três militantes do PTB chegaram ao poder: Newton Brandão (Santo André), Walter Demarchi (São Bernardo) e Antônio José Dall’Anese (São Caetano).

Na eleição deste ano, seis petebistas estão em chapas majoritárias, mas na condição de vice, número esse que pode diminuir até o fim das convenções. Quatro estão confirmados: o vereador Luiz Zacarias (PTB) aceitou retirar pré-candidatura para figurar na dobrada com o ex-secretário Paulinho Serra, pré-prefeiturável do PSDB em Santo André; o vereador de São Caetano Jorge Salgado (PTB) será vice do prefeito Paulo Pinheiro (PMDB), que buscará a reeleição; o parlamentar de Ribeirão Pires Gabriel Roncon (PTB) já foi anunciado pelo ex-prefeito Adler Kiko Teixeira (PSB) como parceiro de chapa; e o empresário Mauro da Autoescola (PTB) estará do lado de Claudinho da Geladeira (PT) em Rio Grande da Serra.

Outros dois nomes balançam. O caso mais grave é o do vereador de Mauá Alberto Betão Pereira Justino (PTB). Eleito pelo PTdoB em 2012, Betão se transferiu ao PTB a pedido do prefeito Donisete Braga (PT) para ser vice neste ano. Porém, o petebista não consegue aval jurídico para concorrer à vaga. Apesar de ainda ter os vereadores Eugênio Rufino e Ricardinho da Enfermagem, o PTB deve perder a preferência por falta de quadros dispostos a compartilhar o projeto ao lado de Donisete.

Ex-vereador e ex-secretário de Educação de São Bernardo, Admir Ferro (PTB) foi escolhido por aliados para ser vice do pré-candidato do PPS a prefeito, o deputado federal Alex Manente. Entretanto, o ex-vereador responde a processo de improbidade da época em que foi titular da Educação de São Bernardo e tenta reverter em segunda instância. Se não conseguir oferecer segurança jurídica a Alex, deve ser substituído.

Em Diadema é onde a situação está mais fragilizada. Depois de emplacar a vice de Lauro Michels (PV) quatro anos atrás, o PTB se reformulou com a saída de Silvana Guarnieri (hoje no PSB). Tentou ficar com a segunda vaga na chapa encabeçada pelo vereador petista Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, mas o PT decidiu concorrer à Prefeitura com dobrada pura (a ex-vereadora Irene dos Santos será vice). Após essa definição do PT, o PTB mudou de rota e vai apoiar o projeto de Vaguinho do Conselho (PRB) com objetivo de buscar uma cadeira na Câmara.