Fragilizado e em uma das suas piores crises institucionais, o PT prepara tática de recorrer a velhos caciques para manter representatividade no Estado. Porém, o Grande ABC vai na contramão da estratégia da direção paulista e, em cidades onde o prefeito não buscará a reeleição, apostará em nomes que nunca concorreram a cargos majoritários.

Por enquanto, o PT prepara candidatos nas sete cidades da região. Serão eles os prefeitos Carlos Grana, de Santo André, e Donisete Braga, de Mauá; o ex-secretário Tarcisio Secoli, em São Bernardo; o presidente do PT de São Caetano, Márcio Della Bella; o vereador de Diadema Manoel Eduardo Marinho, o Maninho; o parlamentar de Ribeirão Pires Renato Foresto e o ex-vereador Claudinho da Geladeira, em Rio Grande da Serra.

Dessa lista, além dos chefes de Executivo, apenas Claudinho tem experiência de concorrer à Prefeitura em sua cidade. Em 2012, o petista duelou com Gabriel Maranhão (PSDB) e foi derrotado pelo tucano por 60,6% a 37%. Ele tenta novamente o cargo máximo da política municipal depois de nem deixar crescer especulação pela candidatura do ex-prefeito Ramon Velasquez.

Em grandes cidades do Estado, o PT prepara justamente lista de figurões para retomar ou manter o poder. Deputados federais, parlamentares estaduais e ex-ministros estão escalados para defender o nome do PT nas ruas pelo Estado, dois anos depois do pífio desempenho do partido na eleição ao governo estadual – ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha ficou em terceiro lugar na concorrência vencida, ainda no primeiro turno, pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

A principal esperança do PT é Fernando Haddad. O prefeito da Capital foi ministro da Educação no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e é tratado internamente como nome do futuro petista. Se perder, como hoje situam as pesquisas de intenções de voto, o próprio modelo do partido de governar poderá ser colocado em xeque.

Ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo de Dilma Rousseff (PT), ex-presidente paulista do PT e ex-deputado estadual, Edinho Silva coloca seu prestígio à prova na eleição em Araraquara. Lá, ele foi prefeito entre 2001 e 2008, antes de ser sucedido por Marcelo Barbieri (PMDB), que neste ano apostará no ex-vereador Aluisio Braz, o Boi, como sucessor. Edinho, porém, é alvo de inquérito na Operação Lava Jato por denúncias feitas por delatores em sua atuação como tesoureiro da campanha de Dilma de 2014.

Também prefeito entre 2001 e 2008, mas em Guarulhos, Elói Pietá retornará à disputa eleitoral na cidade e virá como nome da sucessão do atual prefeito Carlinhos Almeida (PT). No início ele estava reticente, principalmente após a derrota de Janete Pietá na eleição de 2014, quando tentou renovar mandato de deputada.

Outro cenário emblemático para o PT será Osasco. Em 2012, Jorge Lapas foi eleito, pelo PT, para administrar a cidade da Região Metropolitana. Em março, Lapas saiu do PT com temor de ter imagem associada aos escândalos envolvendo o partido – migrou para o PDT. O presidente estadual do PT, Emidio de Souza, foi escalado pelo partido para duelar com Lapas (Emidio foi prefeito de Osasco e quem chancelou Lapas como candidato em 2012). O dirigente, porém, optou por continuar na coordenação da legenda no Estado e decidiu apostar no deputado federal Valmir Prascidelli para rivalizar com Lapas.

Vice-presidente do PT estadual, Rozane Sena, a Zaninha, alegou que a tática era escolher nomes já conhecidos do eleitorado pela redução do tempo de campanha para este ano. “Era o que a gente queria em Diadema, com o (José de) Filippi (Júnior). Mas respeitamos a vontade de ele não querer ser candidato. Nas demais cidades, são figuras conhecidas, embora não tenham sido candidatas a prefeito. O próprio Tarcisio vem de militância de longo tempo no PT de São Bernardo. O Maninho foi presidente da Câmara, é vereador de vários mandatos. Também temos de pensar em criar lideranças, isso é sempre importante.”