Economia Titulo Crise
Pequenas empresas perdem R$ 2 bi no ano

Montante equivale a faturamento de um mês das firmas da região; vendas caem 15,8% até maio

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
12/07/2016 | 07:19
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Divulgação


A crise econômica tem nocauteado a atividade de boa parte das companhias da região. O golpe é mais intenso, entretanto, nas MPEs (Micro e Pequenas Empresas), em que a camada de gordura para cenários turbulentos é mais fina e, ao mesmo tempo, o pé no freio do consumo atinge em cheio seu faturamento. Somente neste ano, essas firmas do Grande ABC perderam R$ 2 bilhões, o equivalente às vendas de um mês inteiro, neste caso, de janeiro, quando as receitas atingiram R$ 1,9 bilhão. Os dados foram divulgados ontem pelo Sebrae-SP.

Nos cinco primeiros meses de 2016, as MPEs da região faturaram R$ 10,8 bilhões, queda real (já descontada a inflação) de 15,8% em relação ao acumulado do ano anterior. Em maio, as vendas totalizaram R$ 2,3 bilhões, 11,5% menos que em igual período de 2015, o que resultou em prejuízo de R$ 295 milhões. Esse foi o 13º mês consecutivo de retração nas receitas; ante abril, o recuo foi de 5%.

Em todos os comparativos, as micro e pequenas empresas do Grande ABC apresentaram pior desempenho do que a média do Estado, que no acumulado do ano registrou queda de 13,5%, em maio contra o mesmo mês em 2015, de 9,9% e, frente a abril, de 2,9%. Isso se justifica, de acordo com a consultora do Sebrae-SP, Letícia Aguiar, pela intensa concentração de indústrias e prestadoras de serviços, que apresentaram recuos de 15,6% e 15,4%, respectivamente, em todo o território paulista, em 2016. O comércio retraiu 11,3%. “No Interior, as diminuições nas vendas são menores porque as safras agrícolas movimentam as receitas das empresas e o rendimento dos trabalhadores dessas localidades. Agora, por exemplo, é tempo da colheita de cana-de-açúcar”, explica.

Na região, além de a agricultura ser irrisória, o segmento de serviços, que movimenta boa parte da economia local, vem sendo atingido pela suspensão de contratos com empresas maiores e maiores gastos com fretes, já que a demanda é menor, exemplifica Letícia.

A consultora destaca que a força motriz das firmas de menor porte é o consumo, intensamente afetado pelo desaquecimento do mercado interno, que resulta em elevação do índice de desemprego e do pessimismo da população, que adia a decisão da compra. Com a intensificação da crise, gastos até então considerados essenciais, como no supermercado, na farmácia, no cabeleireiro e em alimentação fora de casa, são reduzidos.

“Para que haja melhora nessa situação, o País precisa voltar a ser atrativo para investimentos, tanto locais quanto estrangeiros, a fim de retomar a confiança e a geração de empregos. Só então as MPEs devem esboçar reação, pois será quando o consumo deverá ser reativado”, afirma Letícia. “Para o segundo semestre, pode ser que os resultados negativos sejam atenuados, mas as receitas das micro e pequenas ainda não devem voltar ao terreno positivo”, estima.

O levantamento do Sebrae-SP conta com 1,6 milhão de MPEs, sendo 81 mil no Grande ABC. Considerando os funcionários dessas firmas, houve redução de 4,9% no volume de pessoal ocupado neste ano até maio, e de 8,6% nas folhas de pagamento – isso porque pessoas da família passaram a ocupar os postos de empregados dispensados, o que justifica elevação de 3,7% nos rendimentos dos profissionais.
 




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