A comoção tomou conta da Feira Literária de São Bernardo ontem, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação, Fernando Haddad, chegaram ao espaço para leitura para as crianças.

Alunos e professores entusiasmados compuseram o cenário junto com um batalhão de repórteres e alguns manifestantes, que empunhavam cartazes com pedido de 10% do PIB para a Educação.

"Larguei tudo que tinha para fazer para vir ver o Lula. Onde ele está, estou junto", disse Aline Ramos da Silva, que aproveitou-se da simpatia do ex-presidente para conseguir um retrato com ele.

"Dei dois beijos nele, ele é tão carismático. Deve ser por isso que as crianças gostam tanto dele", disse uma vice-diretora escolar, que, a pedido dos alunos, esticou o horário estipulado para o fim da visita.

Apenas dois grupos de alunos foram contemplados para acompanhar a leitura ao vivo, dentro do auditório. Os outros visitantes tiveram que se conformar com um telão posicionado no centro do Pavilhão Vera Cruz.

Os dois ilustres visitantes, que fariam leituras em locais separados simultaneamente, resolveram ficar juntos o tempo todo.

Quem leu primeiro foi Lula, que contou a história da africana Obax, de livro homônimo do escritor André Neves. "Escolhi uma história que não tivesse violência, só coisa boa", disse o ex-presidente, que resolveu ilustrar com fotos duas palavras que as crianças poderiam não saber: a árvore baobá e a savana africana, a qual aproveitou para comparar com o nosso cerrado.

Lula afirmou que a feira é uma revolução na cultura do Grande ABC e confessou certa apreensão. "Nunca fiquei tão nervoso como agora, lendo para essas crianças. Mas acho que me dei bem. A diretora (da escola cuja turma acompanhou a leitura) vai pedir ao Haddad uma vaguinha para mim", brincou ele.

Em seguida, os convidados foram para um espaço aberto, onde Haddad fez a leitura de Asa de Papel, de Marcelo Xavier. "Não é exatamente uma história, é mais uma mensagem." Ao final da leitura, completou: "Sempre que vocês quiserem botar a imaginação para funcionar, conhecer pessoas, conhecer lugares, leiam um livro, que vocês vão se apropriar do mundo", afirmou.

Um dos ouvintes perguntou ao ministro da Educação se ele estudou em escola particular ou pública. Haddad ficou sem graça e respondeu que frequentou escola particular. As professoras que estavam ao redor vibraram com a pergunta.

Haddad disse ainda que iniciativas como essa devem ser tomadas por mais municípios. "É algo que interessa tanto ao MEC quanto ao Ministério da Cultura", definiu.

A feira termina amanhã. O horário de funcionamento é das 10h às 21h e o preço da entrada sai por R$ 2.