Pesquisa realizada por institutos sérios, como a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, evidencia dura realidade: é cada vez maior o contingente de pessoas com 60 anos ou mais que continuam empregadas nas empresas do Grande ABC. Não haveria nada de preocupante se a permanência no mercado de trabalho se devesse apenas ao entusiasmo e ao livre-arbítrio dos idosos. Mas, infelizmente, as razões são outras.

Muitos aposentados seguem trabalhando porque o valor do benefício é insuficiente para arcar com as despesas básicas de vida com dignidade. Dois terços dos repasses feitos pela Previdência Social equivalem ao salário mínimo, ou R$ 880 mensais, considerado pouco para gastos cada vez mais crescentes, especialmente os médicos. Muitos idosos sofrem com doenças crônicas e gastam boa parte do que ganham em consultórios e farmácias.

Segundo a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), a que este Diário teve acesso, o número de pessoas com 60 anos ou mais que estão trabalhando nas sete cidades aumentou 142% em 15 anos. O contingente passou de 32.368 indivíduos em 2000 para 78.336 em 2015. É verdade que parcela razoável desses moradores do Grande ABC continua trabalhando porque se sente disposta a isso. Não há nenhuma ressalva a fazer a quem se mantém estimulado. Pelo contrário. Cada um é livre para fazer o que entende ser certo e lhe dá motivação.

Diferentemente, é triste ver que outros tantos idosos moradores da região, que já não têm mais condições de saúde para seguir no mercado profissional, são obrigados a continuar empregados para arcar com despesas que o poder público tem por obrigação disponibilizar. Até que um único aposentado estiver trabalhando a contragosto, o Estado estará falhando em suas obrigações sociais.

Federação, Estado e municípios precisam garantir o bem-estar de toda a sociedade, especialmente de quem tanto já contribuiu para construir uma região forte como o Grande ABC.