Economia Titulo São Bernardo
Após um mês, Karmann Ghia segue ocupada

Funcionários acamparam na fábrica para cobrar o pagamento de salários e verbas rescisórias

Natália Scarabotto
Especial para o Diário
15/06/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O clima de incerteza toma conta dos trabalhadores da fábrica de autopeças Karmann Ghia, em São Bernardo, que estão acampados na sede da empresa há um mês. “A maior dificuldade é o cansaço em esperar o desfecho dessa história. Nos primeiros dias, tudo bem. Agora, já começamos a nos perguntar até quando ficaremos aqui. Há um desgaste físico e psicológico”, comenta o técnico de processo pleno Willians Ribeiro, 34 anos.

Operários da ativa e ex-funcionários ocupam o local com objetivo de cobrar o pagamento de salários e verbas rescisórias. Desde março, os 330 trabalhadores não recebem.

Os dias têm sido longos e cheios de improvisos. Para as refeições, uma marmita para duas pessoas. A energia elétrica é produzida por gerador e a água vem de caminhão-pipa. Para passar o tempo, há mesas de sinuca e tênis de mesa. “A gente joga e faz ronda pela fábrica e eu até estudo a matéria da faculdade. Tudo para distrair. O que nos mantém aqui é a esperança de a empresa se manifestar. Não vamos largar essa luta”, diz Ribeiro.

Em casa, a dificuldade também bate à porta. Muitas famílias sobrevivem de doações. “Mesmo assim, o salário faz falta. Eu preciso pagar a pensão da minha filha e corro risco de ser preso se atrasar”, relata Diego Honorato Moreira, 27.

“Pode demorar, mas vamos continuar mobilizados. Enquanto isso, as dívidas aumentam”, reforça o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Carlos Caramelo.

HISTÓRICO

Além da queda nas vendas para as montadoras, a Karmann Ghia é alvo de impasse na Justiça envolvendo dois grupos empresariais. O antigo dono Eudes Maria Regnier Pedro José de Orleans e Bragança acusa a empresária Maristela Nardini, que comprou a companhia em 2014, de não pagar as parcelas acertadas. Em maio. o Judiciário decidiu que Eudes – que é trineto do imperador Dom Pedro II – é o proprietário de fato. Mesmo assim, diz o sindicato, ninguém ligado a ele apareceu para negociar com os trabalhadores. 




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