Indeciso sobre os rumos da candidatura governista de Tarcisio Secoli (PT) à Prefeitura de São Bernardo, o PV decidiu romper aliança antiga com o petismo na cidade e fechou apoio ao projeto oposicionista do deputado federal Alex Manente (PPS). O acordo com o popular-socialista foi selado ontem, em reunião entre o parlamentar e o presidente nacional da legenda, José Luiz de França Penna.

Participantes dos dois governos do prefeito Luiz Marinho (PT), os verdes não têm visto unidade no próprio PT em torno do projeto de sucessão encabeçado por Tarcisio. Inicialmente, o nome do petista chegou a enfrentar resistência por algumas alas internas no PT de São Bernardo, que não viam no secretário de Serviços Urbanos e de Coordenação Governamental perfil suficiente para liderar processo de substituição de Marinho. O prefeito, porém, contornou as divergências.
A decisão de romper com o petismo foi comunicada a Marinho na semana passada. Segundo apurou o Diário, Tarcisio sequer procurou a direção do PV municipal para tentar demover o partido de aderir à candidatura de Alex.

Presidente do PV municipal, Vera Motta evitou críticas ao governo Marinho, contemporizou as incertezas sobre o nome de Tarcisio e citou o cenário nacional para justificar o rompimento. “O caminho da gente na política não é reto, simétrico. É cheio de nuances, das quais o cenário (da política) nacional é evidente. Quer queira ou não, interfere na questão local”, frisou a dirigente, em referência ao desgaste enfrentado pelo PT com o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) por meio de impeachment – em julgamento no Senado.

Alex comemorou o ingresso do PV no arco de alianças e destacou que a legenda terá participação na construção do seu plano de governo nas áreas de “meio ambiente e economia criativa”. “O PV tem quadros importantes e até a própria Vera, que é uma figura histórica, pode ajudar na construção de propostas.”

Marinho contestou rompimento com o PV, alegando que o acordo fechado pelo diretório municipal “aparentemente” foi feito à revelia do comando estadual da sigla. “Vamos aguardar as convenções. Eu falei hoje (ontem, por telefone) com o presidente estadual do PV, Marcos Belizário, e ele disse que isso não está dado. A palavra final é das convenções. Muita gente que foi para lá pode estar se valorizando no processo. Precisamos ter cautela”, divergiu o petista.

Vera afirmou que o partido, que tem o comando da Cajuv (Coordenação de Ações para a Juventude) – com status de secretaria – , não entregará os cargos espontaneamente. “Os cargos são do Marinho. Se ele quiser, entregaremos (os cargos). Estamos saindo pela porta da frente, sem briga”, salientou a verde, que foi candidata a vereadora na coligação com Marinho em 2012. O nome do PV na chefia da Cajuv é Augusto Miolaro – antes, a vaga era de Mariana Perin.