Vinte dias depois de solicitar exoneração do governo do prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), por problemas de saúde, o ex-secretário municipal de Finanças Antônio Carlos Granado (PT) foi nomeado para assumir cargo comissionado na prefeitura de São Paulo, comandada pelo também correligionário Fernando Haddad. A publicação da portaria saiu registrada no Diário Oficial da Cidade no dia 4, formalizando a entrada do petista para exercer a função de assessor especial – no gabinete do titular do setor – lotado na Pasta de Relações Internacionais e Federativas da Capital.

À ocasião, em abril, Granado justificou recomendação médica para deixar a administração andreense devido ao estresse vivenciado no posto até então de comando. A indicação do petista aos quadros do Paço paulistano teve aval do secretário de Governo, Chico Macena (PT), hoje braço-direito de Haddad, responsável pelas assinaturas da gestão após o desligamento de Antônio Donato (PT). Com o vínculo, o ex-titular do alto escalão de Grana receberá remuneração mensal de R$ 4.936. A efeito de comparação, em Santo André, o petista tirava R$ 13.638 de subsídio bruto.

Granado alegou que o cargo atual de assessoria é “bem diferente” do posto de chefia ocupado no governo andreense. Segundo o ex-secretário de Finanças, 70 anos, a nova função é fora da zona de estresse – ele possui prótese no coração e, recentemente, apresentou alteração no quadro clínico. “Não é de tomada de decisões (o cargo), o que estava provocando o descontrole da pressão arterial”, disse o petista, ao acrescentar que a atuação no Paço local em si não era fator de complicação para a saúde. “O problema não era a Prefeitura e sim o assunto que era tratado, com situação econômica delicada, tendo de dialogar com fornecedores (dívidas) e outras secretarias”, completou.

O andreense tem longo histórico de militância no PT. Ex-vereador, Granado chegou a ser pré-candidato a prefeito pelo partido para a eleição de 1992 – saiu derrotado nas prévias internas para José Cicote, então número dois do Paço. Também foi secretário em outras administrações petistas da cidade. Ele sustentou que obteve convite para integrar a assessoria pelo próprio secretário da Pasta, Vicente Trevas (PT). “Tivemos relação na FNP (Frente Nacional de Prefeitos), na qual tratei sobre precatórios (dívidas judiciais). Ele me chamou quando soube que eu estava disponível no mercado”, brincou, citando que o posto hoje é “mais de articulação e não de discussão de conteúdo”, referindo-se aos débitos municipais. O passivo gira em torno de R$ 15 bilhões, o segundo maior do País.