"Tive realmente medo. Pensei que iam me atacar em vôo. Abandonei discretamente o hotel, subi em meu avião e fui para a cidade vizinha de Tabatinga, onde um veículo da polícia federal me esperava no aeroporto", explicou Cleiton Abreu, 30 anos, ao enviado especial do Le Monde.

Na entrevista, o piloto do taxi aéreo disse ter desconfiado desde o início dos quatro clientes que subiram em seu avião na quinta-feira 10 de julho. "Senti imediatamente que havia algo de errado", explicou.

"Com suas botas e suas mochilas, tinham o jeito de turistas que andam pela selva, mas sabia que faziam parte da tripulação do avião militar francês que estava perto do hangar de minha companhia" no aeroporto de Manaus.

Enquanto voava rumo a São Paulo de Olivença, "uma região conhecida mais pelo tráfico na fronteira com a Colômbia do que pela beleza de suas paisagens", segundo comentou, Cleiton lembrou-se de um assalto que havia sofrido há três anos de um passageiro colombiano e outro brasileiro.

Segundo o jornal, os narcotraficantes em atividade na região procuram conseguir táxis aéreos roubados.

Em São Paulo de Olivença, o temor do piloto aumentou quando o diplomata francês Pierre-Henri Guignard, adjunto do chefe de Gabinete da Chancelaria francesa, perguntou-lhe se seu avião "voava de noite, se o trem de pouso era resistente e se conhecia a pista de São Lourenço".

O piloto, que não conhecia a pista, assustou-se definitivamente quando soube que seus clientes queriam deixar a cidade às 17h locais. Sua companhia explicou depois aos franceses que o piloto os havia abandonado "devido a problemas técnicos".

A ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt está seqüestrada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) há 17 meses. Uma tentativa frustrada de resgate por uma equipe francesa causou problemas entre França, Colômbia e Brasil.