A reunião para discussão sobre o local da instalação da Fundação Casa, em Santo André, realizada na quarta-feira, acabou se transformando em briga política e gerando desdobramentos futuros. Durante a sessão da Câmara ontem, os vereadores Paulinho Serra (PSDB) e Tiago Nogueira (PT) acusaram integrantes do Executivo de tumultuar o evento, convocando funcionários comissionados da Prefeitura para atrapalhar o enfoque do ato público.

De acordo com os parlamentares, os servidores se manifestavam contra as reivindicações dos representantes da região da Vila Sacadura Cabral, com o intuito de desviar a atenção e sustentar que o terreno destinado para a Fundação Casa foi indicado pela administração anterior, capitaneada pelo PT (mais informações na pág. 6 de Setecidades).

O tucano, responsável pela organização, disparou principalmente contra o secretário de Comunicação, Alexssander Soares, e a adjunta do setor, Paula Monteiro, que, segundo ele, usaram a máquina pública para desarticular a intenção da Câmara, de solicitar ao governo utilização de verba bipartite na descontaminação da área do Cassaquera e que as unidades voltem a ser construídas no espaço.

"Infelizmente o encontro virou palanque. Eles mobilizaram cerca de 40 pessoas para fazer arruaça durante a reunião e inviabilizar o debate, ofendendo os parlamentares presentes. O pior é que o governo não mandou representante, só que compareceram extra-oficialmente com a intenção de prejudicar o encaminhamento", esbravejou Paulinho, que planeja concorrer ao Paço em 2012. "Quero acreditar que seja atitude isolada e que não tenha passado pelo conhecimento do prefeito Aidan Ravin (PTB)."

A Prefeitura, por meio de nota, afirma que não enviou representante ao evento por se tratar de ato público organizado por um parlamentar, e não audiência pública. A administração nega o envio de servidores para participar do encontro, ressaltando que houve convocação pública por parte dos organizadores e que todos os presentes participaram de forma espontânea, com respeito à Câmara e de acordo com o direito democrático de livre expressão.

Para o petista Tiago Nogueira, a retaliação ficou explícita em razão de os funcionários estarem com crachá da Prefeitura. "Episódio lembrou a ditadura. Mostra o desespero do governo, pois os servidores estavam defendendo o holerite."

Segundo Paulinho, a reunião se deu a pedido do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que tenta chegar ao consenso sobre o local. "Queríamos propor a divisão dos gastos com o Estado. Só que o secretário preferiu estimular a baderna. Atitude de aloprado. Foi desrespeito com a Casa."

INVESTIGAÇÃO

A diretoria do Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André instaurou ontem procedimento investigatório para averiguar atitude do servidor Ednilson Santos antes da realização da reunião. A autarquia garante que Ednilson percorreu a cidade quarta-feira, em horário de trabalho, sem justificar ausência, em cima de caminhão convocando a população a participar do ato.