Os preços dos veículos podem subir em até três meses devido ao reajuste do minério de ferro. Conforme o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), apurado pelo Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), que subiu 1,19% em maio, a alta da matéria-prima do aço avançou 49,76% neste mês.

O ciclo médio da indústria de automóvel, desde a extração do minério, até a finalização do veículo, gira entre dois e três meses. "E o preço vai depender do volume de estoque de cada empresa", pontuou o professor de ambiente econômico global do Insper, Otto Nogami.

O economista e professor do curso de Administração da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) José Eduardo Amato Balian acrescentou que a procura pelos automóveis também estimula a alta nos preços. "Se aliar à demanda aquecida, é como por álcool na churrasqueira", compara. Isso porque a produção acelera e há necessidade de renovação de estoque, que utilizará matéria-prima com novo preço.

"Com isso, você tem todas as condições do aumento de preços. Mas esta alta é reflexo do bom momento na economia nacional, estimulada pela demanda interna. É um problema agradável e não um problema de recessão", avaliou Balian.

O avanço no preço do minério de ferro também deve atingir os eletrodomésticos. Mas para o economista do Ibre-FGV André Braz, o impacto será quase nulo. "Hoje, esses bens têm muito plástico e alumínio e pouco aço. Antigamente, as máquinas de lavar roupa tinham muito aço, mas agora não é assim", lembrou.

Nogami acrescenta que, no caso dos eletrodomésticos, o repasse seria mais rápido do que para os veículos. "Em média, o ciclo produtivo destes produtos são de um mês, ou um pouco mais."