Política Titulo
FHC: quem manda sou eu
Do Diário do Grande ABC
08/01/1999 | 12:10
Compartilhar notícia


O presidente Fernando Henrique Cardoso encerrou nesta sexta a primeira reuniao ministerial de seu segundo governo cobrando o cumprimento dos contratos assinados pelos governadores e prefeitos. ``A autoridade maior nesse país é o presidente da República, que foi eleito e cumpre a lei', disse, acrescentando que ``nao admitirá' o descumprimento da lei ``por quem quer que seja'. ``Todos hao de cumpri-la, custe o que custar', afirmou em recado direto ao governador mineiro, Itamar Franco, que já anunciou a moratória no Estado.

O presidente disse que em uma democracia a ajuda mútua nao pode existir quando nao há respeito às decisoes tomadas. Disse que tratará a oposiçao com o ``respeito de sempre' e apelou para que haja reciprocidade. ``Tenho apelado sempre às oposiçoes porque temos que contribuir para um clima de distensao e nao de tensao dentro do nosso país', disse.

Inativos - Deixando de lado o tom conciliatório do discurso de posse, Fernando Henrique afirmou que nao desistirá da cobrança da contribuiçao previdenciária dos servidores públicos inativos. ``Nao sou pessoa de ceder fácil', disse. ``Que nao se enganem e nem confundam o ser cordial com o nao ser firme. Insistirei até conseguir que o país perceba que a justiça requer uma açao forte nessa matéria'.

O presidente, sem apresentar detalhes da proposta, sinalizou que a nova emenda a ser encaminhada ao Congresso isentará os que ganham menos e os mais idosos. Segundo ele, no Brasil - onde o salário mínimo é de R$ 130,00 - 900 mil servidores aposentados recebem um total de R$ 21 bilhoes. ``Isso equivale à renda média dos países da Europa', comparou. ``Nao é justo, e por nao ser justo, é justo que se peça uma contribuiçao daqueles que estao recebendo este benefício.' Ele reclamou das dificuldades de eliminar ``privilégios encastelados' no país, que beneficiam ``camadas que nao sao das mais ricas'. ``Nao é fácil porque, quem tem privilégio, disfarça o privilégio falando dos pobres.'

Cala boca - FHC deu um puxao de orelhas nos ministros e técnicos que vazam informaçoes para a imprensa sobre estudos em andamento no governo, antes de sua decisao final. Depois de vangloriar-se de seu estilo de governo, de explicar detalhadamente ao povo as medidas a serem adotadas, Fernando Henrique pediu aos seus auxiliares que nao especulem. ``Quando falar em nome do governo, (falar) aquilo que o presidente tiver dito que é pra falar. Senao, é melhor calar, porque muitas vezes confunde a populaçao'

Clima - Nos 20 minutos de sua explanaçao, o presidente agradeceu a açao do Congresso, disse que falta pouco para terminar as votaçoes do ajuste e mostrou esperança na melhora da economia do país ainda no segundo semestre deste ano. O presidente disse que irá ``se esforçar enormemente' para cumprir o programa de campanha Avança Brasil e enfatizou que o desafio do governo em 1999 é ``fazer o que a populaçao precisa a despeito de termos uma conjuntura que nos leva a uma certa restriçao'. Fernando Henrique avisou ainda que fará uma outra reuniao ministerial para discutir a metas do seu segundo governo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;