Thomas O'Connell, subsecretário da Defesa encarregado de operações especiais, afirmou a uma subcomissão das Forças Armadas do Senado americano que "claramente há um vínculo entre a Al-Qaeda e o tráfico de entorpecentes".

"O comando central americano (Centcom) considera que o tráfico de drogas é um grande obstáculo para a reconstrução política e econômica do Afeganistão", declarou o contra-almirante Bruce Clingan, diretor-adjunto de operações, na mesma subcomissão do Senado.

"Os rendimentos provenientes do cultivo de papoula (de onde é extraído o ópio) fornecem recursos aos extremistas e às redes do contrabando, nas quais se apóiam os traficantes, e facilitam os deslocamentos e a logística dos terroristas", explicou, em referência aos "remanescentes do talibã, membros da Al Qaeda e extremistas do Hezb-i-Islamis".

O senador republicano John Warner (Virginia), presidente da comissão das Forças Armadas do Senado, criticou os britânicos - que desempenham um papel dominante na luta contra o tráfico de drogas no Afeganistão - por "ter orientado os esforços iniciais na direção equivocada". "O dinheiro da droga (no Afeganistão) financia agora a Al Qaeda, Hezbolah e Hamas", insistiu Warner.

O Afeganistão é o maior produtor mundial de ópio, droga derivada da papoula, que serve para produzir heroína e que gerou US$ 2,3 bilhões em 2003, o que representa cerca da metade do PIB do país, segundo um recente relatório das Nações Unidas e do governo afegão.

Para resolver o problema do tráfico de drogas no Afeganistão, o Pentágono utilizará 73 milhões de dólares liberados com esse objetivo pelo Congresso em 2003. Na sexta-feira começou uma vasta operação destinada a erradicar os cultivos de papoula, a matéria prima do ópio.