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Webjet tem problemas com voos
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
28/09/2010 | 07:36
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Depois de registrar avanço no cancelamento de voos da companhia aérea Webjet, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) determinou a suspensão da venda de bilhetes nos voos programados até o dia 1º.

Até as 19 horas de ontem, das 111 partidas programadas pela empresa, 28,8% registraram atrasos superiores a 30 minutos e 39,6% foram cancelados, segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), responsável pela administração de aeroportos no País. "Medidas mais severas poderão ser tomadas ao longo da semana se a situação não for equacionada pela empresa. Em julho, a Webjet foi autuada pela Anac em R$ 225 mil por ter excedido a carga horária da tripulação", destaca nota do órgão regulador.


Alta carga horária causa cancelamentos

Problemas com a carga horária dos aeronautas desencadearam uma série de atrasos e cancelamento nos voos da companhia aérea Webjet ontem em diversos aeroportos do País. A Lei do Aeronauta determina que a jornada de pilotos e comissários de bordo não exceda 85 horas de voo por mês, 230 horas por trimestre e 850 horas por ano.

Segundo a diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, os funcionários devem ter excedido o limite de horas trimestral, visto que nos meses de julho e agosto o ritmo de trabalho é intenso por causa do período de férias.

"Em julho encaminhamos à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) mais de 600 denúncias provenientes de funcionários de todas as empresas aéreas brasileiras pelo descumprimento da regulamentação profissional. O excesso de horas trabalhadas foi uma das queixas mais recorrentes", afirma.

De acordo com a Anac, que acompanha o índice de voos cancelados pela Webjet, os números passaram de 2,4% em agosto para 5,7% em setembro, chegando a 9,7% na última semana. A agência destaca que os cancelamentos efetuados até então não causaram transtornos ao passageiro.

Entretanto, das 118 decolagens previstas até as 20h de ontem, 44 foram canceladas, ou seja, 37,3%. Por determinação do órgão regulador do setor, a companhia está proibida de vender bilhetes até o dia 1º. Enquanto isso, foi intensificada a fiscalização da Anac tanto nos aeroportos quanto no centro de operações da empresa.

Comunicado enviado pela Webjet ontem aponta que a companhia "acata a determinação da Anac em relação à suspensão da venda de passagens até sexta-feira e reforça que vem trabalhando junto ao órgão para normalizar a situação o mais rápido possível".

A empresa afirma que 64 novos co-pilotos e 85 comissários estão em treinamento para serem integrados à equipe a partir de outubro. Outros 149 novos colaboradores foram incorporados à tripulação nos últimos três meses. A aérea, que tem 20 aeronaves Boeing 737-300, não informa o total de funcionários.

Segundo a Webjet, 90% dos clientes foram avisados antecipadamente por meio de contatos da central. A empresa diz que não está cobrando taxas de remarcações e está acomodando os passageiros em outros voos. "Fomos obrigados a reduzir o número de voos na última semana de setembro para cumprir a Lei 7.183, que regula os limites de trabalho dos aeronautas."

Relatório da Anac aponta que a companhia aérea é a quarta maior do País, com 5,82% do mercado doméstico. Neste mês a empresa começou a operar novos voos em Belo Horizonte (MG), Salvador (BA) e Curitiba (PR).

Fundada em 2005 por um grupo de empresários cariocas, a Webjet foi comprada dois anos depois pelo empresário Guilherme Paulus, que é presidente do conselho de administração da operadora de turismo CVC.

 

Gol enfrentou mesmos problemas em agosto


No começo do mês passado, a companhia Gol passou por problemas semelhantes ao da Webjet devido à mudanças no sistema de escala de sua tripulação. Ontem, as 20h a aérea registrava segundo maior índice de cancelamentos com 74 voos que deixaram de partir, ou 10,7% dos 689 programados, ficando atrás somente da Webjet.

Por sua vez, a Avianca contabilizava 7,9% de cancelamentos das 89 partidas programadas, seguida pela concorrente TAM, com 6,3% dos 702 voos domésticos previstos.

A Azul cancelou três das 133 partidas do dia, segundo balanço divulgado pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que administra os aeroportos brasileiros.

No dia 2 de agosto, o problema da Gol chegou ao ápice, com 52% das partidas atrasadas em mais de 30 minutos e outras 13% foram canceladas. Voos domésticos e internacionais foram afetados na ocasião.

Na época, a Anac autuou seis empresas por exceder a carga horária da tripulação, entre elas a Webjet.




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