O vice-presidente da República e dirigente nacional licenciado do PMDB, Michel Temer, defendeu ontem uma reconciliação entre o prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), e o ex-secretário de Gabinete da administração, Nilson Bonome (PMDB) - que pediu exoneração há 11 dias - para "acertar tranquilamente" os ponteiros. Em evento em São Paulo, o cardeal peemedebista adiantou que pretende realizar logo encontro com o petebista, avaliando que "o diálogo seria o ideal".

Uma declaração de Temer sobre a candidatura própria do afilhado político em Santo André era aguardada tanto pela ala apoiadora de Bonome como pelos lados do governo Aidan, que no início da semana colocou em xeque a adesão do vice-presidente em cima das atuais movimentações do partido na cidade. Aidan citou "a circunstância delicada" que enfrentou por entrar na campanha do peemedebista em 2010, mesmo tendo o PT, com Dilma Rousseff, encabeçando a chapa. A decisão por voo solo do PMDB teve aval apenas do diretório estadual.

Assinalando que o PMDB está "examinando com empenho" a situação, Temer considerou que Bonome é "um grande peemedebista" e que, se houver chance, vai entrar na disputa eleitoral. Porém, a deliberação final ficará a cargo da executiva paulista. "Vai depender muito da definição do diretório estadual."

As palavras apaziguadoras do cacique pegaram os peemedebistas de surpresa. Houve tentativa de contatar Temer para retificar a declaração, mas sem sucesso, O tesoureiro do PMDB estadual e coordenador político de Temer, Arlon Viana, sustentou que "houve confusão" pelo fato de o vice-presidente não ter obtido ciência da ruptura do ex-secretário.

 "Não expliquei que Bonome já havia saído da Prefeitura. Claro que sempre cabe diálogo, mas com o Aidan não tem mais jeito. Liguei para marcar conversa a pedido (do Temer) e ele não nos atendeu."

Baleia ponderou que a declaração do cardeal do partido faz sentido pelo PMDB estar "aberto para diálogo", mas que a candidatura própria é "sempre mais interessante". "Não há porta fechada. O (presidente do PTB estadual e) deputado Campos Machado é parceiro em várias cidades do Interior. Pode haver conversa. Mas a candidatura do Bonome, para nós, é prioritária."

Outro integrante da estadual, Jarbas Zuri minimizou a saia justa. Para ele, as palavras seguem a linha da gentileza e conhecimento político de Temer. "Ele é grato ao  (apoio) que o Aidan deu na campanha e obviamente não pode desrespeitar o prefeito. Política é assim."

Reiterando que "é impossível o vice-presidente ter conhecimento de 100% da situação local" e que " o apoio oficial seria a cereja do bolo", Bonome garantiu que, hoje, não há chance de ele caminhar com o prefeito. "O diálogo (de compor como vice) expirou em janeiro. Não tivemos êxito, por isso definiu-se pela candidatura. Se PMDB tivesse de compor, não aceitaria ser o vice."