Apesar dos apelos americanos e de diversas reuniões em Bagdá, os sunitas mantiveram nesta quarta-feira a rejeição ao projeto de Constituição iraquiana, um dia antes da apresentação final ao Parlamento.

O chefe de estado iraquiano, o curdo Jalal Talabani, frisou que acredita na possibilidade de um consenso sobre o texto após um encontro com o presidente do Parlamento, Hajem al-Hassani.

"A Constituição estará a serviço de todo o povo iraquiano e não de uma categoria", declarou à imprensa quando Hassani, um sunita moderado, sustentou que os seus seguidores não rejeitavam o princípio do federalismo, mas pediam a aplicação em etapas.

No entanto, um dos negociadores sunitas, Aref al-Obeidi, chegou a questionar a legalidade do procedimento para a apresentação do texto na noite de segunda-feira, quando faltavam 10 minutos para o fim do prazo fixado.

Al-Obeidi afirmou que os 15 negociadores sunitas, sem cargo eletivo mas convidados a participar da redação do texto, questionavam o federalismo, o esquema proposto para a repartição de riquezas e a dupla nacionalidade.

Esta declaração sugere que há mais divergências do que as três anunciadas pelas autoridades iraquianas e lembradas nesta quarta-feira por Talabani: o federalismo, o status do partido Baath, que dominou o governo na época do sunita Saddam Hussein, e a partilha de poderes no alto escalão do estado. Uma fonte próxima às últimas discussões disse que era difícil convencer todos os sunitas a adotar o texto.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pediu na terça-feira que os sunitas assumissem as responsabilidades adotando o texto da Constituição. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, solicitou aos dois lados iraquianos mostras de flexibilidade e compreensão para garantir que a Constituição sirva aos interesses de todos.