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Juro de crédito cai, mas não é vantagem

Taxas do cheque especial e crédito pessoal são
menores, porém inexpressivas para o bolso

Erica Martin
Do Diário do Grande ABC
25/10/2011 | 07:29
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Pesquisa do Procon de São Paulo, divulgada ontem, mostra que a taxa de juros do cheque especial caiu pela primeira vez, em nove meses, e passou de 9,57% em setembro para 9,55% no mês de outubro, queda de 0,02 ponto percentual. Os juros do empréstimo pessoal também diminuiram 0,01% e baixaram de 5,86% para 5,85% ao mês. De acordo com especialistas, as mudanças são inexpressivas. "Mesmo com a redução, as taxas de juros brasileiras ainda são altas. Portanto, não é aconselhável fazer empréstimo agora", orienta Shirlei Serafim, especialista em defesa do consumidor do Procon de São Paulo.

Só deve procurar um empréstimo bancário o consumidor que realmente tiver urgência. "Por exemplo quem está pagando por uma dívida com juros altos e busca outra mais barata para quitar o saldo devedor", comenta o professor de Economia da Universidade Municipal de São Caetano Radamés Barone.

É isso mesmo. Quem está usando o cheque especial, que tem taxa de juros superior a 9% ao mês (uma das mais caras do mercado), pode escolher uma opção mais benéfica para o bolso.

O crédito consignado, descontado direto do salário do profissional, e o crédito pessoal, são algumas alternativas. De acordo com o vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro, em média, a taxa de juros do empréstimo consignado é de 2% ao mês. Enquanto isso, o consumidor que decide pelo crédito pessoal pode pagar entre 2% e 8% de juros ao mês. "Por isso é importante pesquisar as taxas e linhas de crédito oferecidas por diferentes bancos para saber onde está mais barato", orienta Shirlei, do Procon.

NEGOCIAÇÃO - Para conseguir pechinchar juros menores, o cliente deve negociar com o gerente e relembrar seu relacionamento com a instituição. "Apontar a média do seu saldo mensal em conta-corrente, investimentos, os bens que possui, e que podem servir como garantia, caso não consiga quitar o saldo, os produtos que já adquiriu dentro do banco e o histórico como bom pagador ajudam", comenta o vice-presidente da Anefac.

MAIS QUEDA - A tendência é que a Selic, a taxa básica de juros da economia, que estava em 12,5% ao ano em junho, e hoje em 11,5%, caia mais. Portanto, a dica para o consumidor é esperar que a redução da taxa da Selic tenha impacto mais significativo no bolso. Isso porque, quem solicita um crédito no banco hoje, pagará o total da dívida com base nos juros atuais. "Por outro lado, ao retardar a decisão de compra para os próximos meses, o consumidor deve encontrar uma condição melhor de crédito", auxilia Ribeiro. Para o professor da USCS, o consumidor só levará realmente vantagem quando a queda nos juros impactar diminuição de, pelo menos, meio ponto percentual na contratação de um empréstimo.

CRISE - Os empréstimos de longo prazo para compras de bem com alto valor agregado, como imóveis, são ainda mais arriscados, principalmente se não houver melhorias no cenário internacional, ao considerar que muitas empresas brasileiras dependem das vendas externas para continuar crescendo e, por enquanto, a situação financeira de alguns países, principalmente aqueles que estão localizados na Europa, não vai nada bem. "Se o cenário não mudar, a atividade econômica do Brasil poderá ser reduzida (já que a demanda externa por produtos nacionais vai diminuir) e a quantidade de empregos também, com isso fica mais difícil para o consumidor pagar a prestação mensal", diz Ribeiro.

 

Poucos bancos diminuem juros de crédito

Entre os sete bancos pesquisados pelo Procon, apenas Banco do Brasil, Bradesco e Caixa Econômica Federal baixaram as taxas do cheque especial. Para essa modalidade de crédito, quem cobrou mais barato, de acordo com o levantamento, foi a Caixa Econômica Federal, com juros mensais de 8,20%. Antes, a instituição cobrava 8,27%. Quem cobrou mais caro foi o banco Safra, a taxa registrada foi de 12,30% ao mês. O banco não alterou o valor.

Quando o assunto foi o crédito pessoal, Bradesco e Banco do Brasil foram os únicos a reduzir o custo. No Banco do Brasil, a taxa que era 5,39% ao mês em setembro passou de 5,35% e foi a mais barata, de acordo com o Procon. Enquanto isso, os juros mensais do Itaú, de 6,45%, foram os mais elevados. A instituição também não alterou os juros do empréstimo.

DIFERENÇAS - O que explica algumas instituições financeiras cobrarem menos juros do que outras é o índice de inadimplência do cliente bancário. "Se estiver alto, o banco não repassa a queda da taxa de juros aos clientes", comenta o vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro.

De acordo com ele, o banco tem um risco maior de levar um calote. E, como forma de garantir a própria estabilidade financeira, continua cobrando juros altos de seus consumidores.

INADIMPLÊNCIA - O brasileiro ainda está se endividando. O Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor caiu 3% em setembro, na comparação com agosto. No entanto, foi a primeira queda mensal do índice, depois de seis altas consecutivas.




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