Setenta e seis pessoas morreram no desabamento, na última quinta-feira, de um hotel na cidade sagrada de Meca – tragédia mais recente a afetar a peregrinação muçulmana à Arábia Saudita, cujas autoridades anunciaram neste sábado o fim da busca por sobreviventes. O ministro saudita do Interior, o príncipe Nayef ben Abdel Aziz, presidirá uma reunião sobre o acidente neste sábado.

Na sexta-feira, o porta-voz do ministério do Interior, Mansur al-Turki, anunciou que 76 pessoas morreram e 62 ficaram feridas no acidente. "Encerramos todas as operações e retiramos todos os escombros", disse. Segundo o porta-voz, as operações de busca, que duraram 27 horas, permitiram retirar 41 pessoas com vida dos escombros. "Entre os mortos há sauditas, franceses de origem árabe e iemenitas", disse al-Turki. Quarenta corpos ainda não foram identificados.

O diretor regional da Defesa Civil, general Adel Zamzami, afirmou na quinta-feira que o edifício Luluat al-Jeir (A pérola do bem) era antigo e havia superado a capacidade de alojamento. "Depois de inspecionar o local, nos pareceu claro que o edifício estava acima de sua capacidade", destacou Zamzami.

Os sobreviventes da catástrofe relataram o horror de quinta-feira. "Eu acabara de voltar ao hotel depois da oração do meio-dia quando ouvi um barulho terrível. Pensei que era um terremoto", declarou Taieb Mizasha, de 74 anos, um argelino que vive na França. "Não sei onde está minha esposa", disse com tristeza e medo de que ela estivesse sob os escombros. Ali Qassem al-Rimi, um iemenita de 35 anos, que trabalhava em uma loja no térreo do edifício, contou que perdeu quatro colegas no desabamento.

A queda do hotel aconteceu no momento em que centenas de milhares de fiéis se preparavam para cumprir os rituais do hajj, previsto para começar no domingo. As autoridades mobilizaram um rígido dispositivo de segurança para evitar tragédias como as registradas em anos anteriores.

Em 1990, uma gigantesca correria em um túnel de Mina, ao sul de Meca, causou a morte de 1.426 peregrinos. Em 2004, 251 pessoas perderam a vida em outra avalanche humana em Mina. Este ano, as autoridades árabes esperam a presença em Meca de mais de 2,5 milhões de peregrinos, segundo os dados oficiais, para o cumprimento do hajj, um dos cinco pilares do Islã.