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Conselho Tutelar desconhece abandono
André Vieira e Renan Fonseca
17/05/2011 | 07:37
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Ainda não existe uma definição sobre para onde será encaminhado o recém-nascido encontrado em Rio Grande da Serra na noite de sábado. Dois dias depois de uma família ter achado o bebê na área de casa, o Conselho Tutelar do município sequer foi acionado oficialmente. A criança está na maternidade do Hospital São Lucas, em Ribeirão Pires, passa bem e deverá permanecer internada pelos próximos dez dias.

Ontem, o delegado Sergio Luditza (o mesmo que acompanhou o caso Eloa, em Santo André) começou a ouvir moradores em busca de informações.

O recém-nascido foi encontrado por volta das 22h de sábado, quando a auxiliar de enfermagem Kátia da Silva Pedroso, 30 anos, viu uma sacola de plástico na sacada da residência do namorado, que mora na Vila Conde. Pelo choro, viu que se tratava de um bebê - que ainda estava com cordão umbilical e vestígios de sangue. O caso teve de ser registrado na 1ª Delegacia de Mauá, e o Conselho Tutelar de Ribeirão foi acionado para acompanhar o registro do boletim de ocorrência. Não existe ainda qualquer informação sobre o paradeiro da mãe.

Até o fim da tarde de ontem, os conselheiros de Rio Grande da Serra não tinham sido comunicados, e informaram que souberam do caso por meio da imprensa. Porém, o delegado explicou que o órgão será responsável por acompanhar a situação da criança, bem como definir para onde será encaminhada após deixar maternidade.

 

SUSTO

A Vila Conde é um bairro afastado do Centro de Rio Grande da Serra. Carrega o ar interiorano característico do município. Os poucos comércios são considerados pontos de referência. Os comerciantes estão acostumados a conhecer os clientes pelo nome. A equipe do Diário percorreu ruas da vila, e a vizinhança se disse pasma com a história.

"A gente vê mulheres e jovens grávidas. Mas conhecemos as famílias, e muitas estão casadas ou noivas. Isso que aconteceu com o bebê só pode ter sido feito por alguém de outro lugar", sugeriu uma funcionária de padaria que preferiu não revelar o nome.

"A gente fica comovida com esse tipo de situação. Deixar o filho assim parece que se tornou comum depois do que aquela mulher de Mauá fez", comentou a professora Sandra Cunha, 30 anos, também moradora da Vila Conde.

Ela se referiu a Roseneide de Salles Lins, 39 anos, que deixou o filho recém-nascido em uma caçamba de lixo na Praia Grande, Litoral Sul. A criança está atualmente sob a guarda da tia materna, Roseane de Salles Lins Lima, 40, que mora em Mauá. Parentes da mulher disseram que o menor passa bem.

 

ADOÇÃO

Presidente da Comissão de Direito de Família da Ordem dos Advogados do Brasil, Nelson Sussumu Shikicima,lembrou que, ao contrário do abandono, que incorre em crime que pode render até um ano de prisão, a família que por qualquer motivo não pretenda criar uma criança pode oferecer o filho para adoção.

"Em vez de abandonar, uma mãe que não deseja ter o filho pode procurar informações no Conselho Tutelar e entregar a criança para um abrigo, onde serão verificadas as condições para o bebê ficar disponível para adoção. É uma situação legal, que não caracteriza crime."

 




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