Todo dia é dia de feira. Mas é na proximidade das festas de fim de ano que a procura por legumes, verduras e frutas frescas aumenta, esquentando a venda nas feiras livres. Os preços, que subiram nas últimas semanas, não assustam os consumidores que não hesitam em pechinchar.

As barracas começam a ser montadas ainda de madrugada. Ao amanhecer, quarteirões ganham a forma de corredor. O ruído das rodas dos carrinhos se mistura com os berros dos feirantes que apostam na gritaria para conseguir fregueses.

Para atrair consumidores, os feirantes esbanjam bom humor e têm na ponta da língua frases montadas como: “laranja seleta, quem não sabe ler soletra” e “moça bonita não paga, mas também não leva”. Outra tática é deixar que o comprador prove o produto. “É assim que a gente ganha a confiança do consumidor”, explica João Antônio Velasques, 47 anos, e feirante há 20.

A confiança no dono da barraca, alías, é fundamental. “Sempre que posso vou à feira e tenho as minhas bancas favoritas”, revela a artista plástica Márcia Covino, 35 anos. Para ela, saber a procedência dos produtos e poder experimentar antes de levar ajudam a escolher o quê e onde comprar.

As barracas mais procuradas nos dias que antecedem as festas de Natal e Ano-Novo são as de frutas. Pêssego, ameixa, uva e abacaxi são os ítens mais comprados e também os que mais encareceram neste fim de ano. “O abacaxi quase dobrou de preço”, conta o feirante Paulo Roberto, 36 anos. Hoje, ele é o responsável pela banca que já foi de seu avô e tem mais de meio século.

Na lista de preferências, a melância ocupa o último lugar. “As pessoas evitam comprar por ela ser muito grande e pesada. Fica difícil carregar”, continua Paulo Roberto. Junto com ele, outras seis pessoas da família trabalham de segunda a segunda nas feiras de Santo André.

Quem chega primeiro pode escolher as frutas mais bonitas. E é por isso que a secretaria-executiva, Cleide Delvai, 62 anos, levanta cedo para ir à feira. Antes das 10h, ela já está com o carrinho cheio. “Faço questão de comprar todas as frutas e legumes na feira um dia antes das festas porque quero servir aos meus convidados pratos de qualidade”, conta.

Depois das 11h30, os preços começam a cair e alguns produtos saem com até 50% de desconto. “Não queremos voltar com a mercadoria o para casa, aí o jeito é baixar o preço”, explica Cristiano Morais, dono da banca Morais há um ano.