Com relação cada vez mais conturbada com o deputado estadual Alex Manente (PPS), o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), recorreu ontem a um termo forte para justificar o distanciamento das duas lideranças, que podem se enfrentar na corrida pelo comando do Paço no ano que vem. O petista falou em traição do PPS.

"Eles precisam fazer grande reflexão. Eu não estou reclamando, não reclamei nem do ato de traição, em janeiro", afirmou o chefe do Executivo, referindo-se à eleição da presidência da Câmara, que colocou Hiroyuki Minami (PSDB) no comando da Casa.

O candidato de Marinho no pleito era Tião Mateus. O PPS era da base de sustentação, mas o líder do grupo Otávio Manente (pai de Alex, que morreu em abril) articulou manobra de apoio ao tucano e em troca ficou com a vice-presidência e as duas secretarias da mesa diretora.

Alex Manente rebateu a crítica feita pelo prefeito. "Não houve traição nenhuma. O PPS, a pedido de um vereador do PT, deixou a reunião, realizada há 15 ou 20 dias da eleição, que definiria a chapa governista. A partir daquele momento, o partido não se comprometeu em votar com o governo", argumentou o deputado.

Após encontro partidário na segunda-feira, o popular-socialista discorreu sobre o descontentamento com o governo petista, do qual foi parceiro desde o segundo turno do pleito de 2008 até dezembro de 2010.

Paulatinamente o Executivo tem demitido pessoas ligadas ao grupo de Alex, o que deixa às claras o rompimento entre os dois. Sobre as exonerações, Marinho frisou que "não tem nada a ver" com a relação com o parlamentar. "Acontecem todos os dias nomeações e exonerações. Se as pessoas não vão bem, são exoneradas, se vão bem, não tem por que ser (demitidas)."

Acerca do relacionamento que começou bem e depois se mostrou conturbado, o petista ressaltou que vai "discutir isso" com o deputado. "Tenho reunião com ele semana que vem."

ELEIÇÃO 2012

Ainda com certa esperança de ter o PPS e Alex Manente no arco de alianças para a reeleição em 2012, Luiz Marinho salientou que ainda é cedo para definições. "Aceitarei apoio de todos que quiserem me apoiar. O Alex só não vai me apoiar se não quiser. No momento certo vamos dizer que são os partidos que vão nos apoiar."

O popular-socialista sinalizou por diversas vezes o desejo de disputar o Paço no ano que vem. E o prefeito deixou recado para os possíveis adversários. "Estamos fazemos um governo de transformação. É só olhar a quantidade de obras que temos: são 33 mil empregos gerados somente pelas obras públicas da cidade. Quando deixei o Ministério (da Previdência, em junho de 2008) sabia da intenção de voto que tinha naquele exato momento (em julho, pesquisa Diário/Ibope registrou o petista em terceiro, com 13%). Sabia do potencial de construir a vitória e quase conseguimos no primeiro turno (obteve 48,3%). Tenho muita consciência. Quem quer marcar posição (em 2012), tem o direito."