Esportes Titulo
Rali Dacar: etapa na Líbia exige pouco e pilotos reclamam
Do Diário do Grande ABC
18/01/2000 | 17:34
Compartilhar notícia


As tao esperadas dunas decepcionaram os participantes do rali Dacar-Cairo, que esperavam trilhas mais complicadas, que desafiassem um pouco sua capacidade de pilotar. A etapa desta terça-feira, entre Waw el Kebir e Waha, na Líbia, teve pistas retas na maior parte do tempo. E a areia nem era fofa. Arnoldo Silveira Junior, que pilota um dos quatro carros da equipe Troller e é especialista em dunas, resumiu bem o que foram os 657 quilômetros da "especial" mais longa até agora: "Isso nao é duna, é asfalto." Kléver Kolberg também reclamou: "Estava muito reto. Acho que vai ser assim até o final para todo mundo chegar ao Cairo." Assim como Amyr Klink: "Tinha lugares bonitos, mas nenhuma dificuldade para os carros." E Cacá Clauset, seu piloto: "Se minha mae tivesse um carro com bom motor e boa suspensao, andaria junto com o Schlesser." Cacá se referia ao francês Jean-Louis Schlesser, que deu um grande passo para o bicampeonato ao vencer a etapa de ontem e assumir a liderança na classificaçao geral.

Nas motos, um grave acidente tirou da corrida o austríaco Heinz Kinigardner. E o espanhol Joan Roma continua em primeiro, mantendo a vantagem sobre o francês Richard Sainct. Nos caminhoes, também nao houve mudanças e o russo Vladimir Tchaguine segue na ponta. O Dacar-Cairo segue nesta quarta-feira para Khofra, também na Líbia. Serao 647 quilômetros.

Kinigardner chegou ao aeroporto de Waha de helicóptero, com o fêmur quebrado, e no fim da tarde, anestesiado, foi levado de aviao para a Austria. O austríaco, que disputava seu sétimo Dacar sem nunca ter completado a prova, caiu oito quilômetros depois do segundo Posto de Controle. Quem o socorreu, acionando a baliza, foi o francês Jean Brucy, que estava cerca de 200 metros atrás, mas disse nao ter visto como foi o acidente por causa da poeira: "Ele teve problemas para fechar o reservatório de óleo, perdeu tempo e estava estressado."

Joan Roma estava muito emocionado ao falar de Kinigardner: "Que merda, é uma corrida maldita." O espanhol também achou a etapa fácil e conta que uma das maiores dificuldades foi enxergar de manha cedo - o primeiro piloto largou às 5h20: "Estava tudo escuro. De repente, o sol saiu e nao se via nada". No deserto líbio, o sol é fortíssimo desde o nascente até o poente. O vencedor de hoje foi o sul-africano Alfie Cox.

O brasileiro Juca Bala também reclamou da claridade: "Andamos umas duas horas com o sol na cara." Mas nao foi essa sua principal dificuldade. Além de ter errado o caminho e atolado a caminho da largada, Juca, já na "especial", bateu a bota na torneira do reservatório de gasolina e quase ficou sem combustível: "Fui passeando nos últimos 30 quilômetros para economizar." Juca acabou fazendo o 29º tempo e é o 19º no geral, quinto na categoria maratona. Ele ganhou uma posiçao com o abandono do português Paulo Marques, até entao líder na maratona por pane elétrica.

Com a chegada do rali à Líbia, nao foi só a paisagem que mudou. Praticamente nao se vêem mais pessoas negras. E ninguém pede presentes e esmolas. O acampamento de Waha, cercado de dunas, foi invadido por pessoas que trabalham na companhia petrolífera local. Tudo o que eles queriam era espiar e tirar fotos, muitas fotos. Pareciam até turistas japoneses.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;