Pelo menos 70% dos eleitores iraquianos participaram das legislativas de quinta-feira, festejou nesta sexta-feira a Comissão Eleitoral ao apresentar um índice de comparecimento que teve a influência da mobilização da minoria sunita e que a princípio dá legitimidade ao novo Parlamento. "O número dos que participaram das eleições se situa entre 10 e 11 milhões de eleitores, segundo nossas primeiras estimativas", declarou nesta sexta-feira um importante responsável da Comissão Eleitoral, Farid Ayar.
Se a cifra for confirmada, representará uma taxa de participação de 70%, frente à de 59% nas eleições gerais de janeiro e à de 63% do referendo constitucional de outubro.
Este crescimento se deve principalmente à participação da minoria sunita que havia boicotado as eleições de janeiro.
Segundo Ayar, a contagem de votos está sendo realizada em 18 províncias e, posteriormente, os resultados serão centralizados em Bagdá, mas não devem ser anunciados oficialmente até o final do ano ou o começo de 2006.
Este elevado índice de participação vai conferir uma forte legitimidade à Assembléia Nacional, que pela primeira vez desde a queda do regime de Saddam Hussein em 2003 gozará de um mandato de quatro anos. O Parlamento que sai, primeiro a ser eleito por voto universal desde a invasão do Iraque, teve somente 11 meses de vida.
Os novos deputados deverão eleger um primeiro-ministro que formará o Governo e um conselho presidencial composto por um chefe de Estado e dois vice-presidentes.
A lista xiita conservadora da Aliança Iraquiana Unificada (AUI), ganhadora das últimas eleições, terá uma tarefa mais difícil nesta ocasião devido à força da lista liderada pelo ex-primeiro-ministro, o xiita laico Iyad Alawi. Segundo resultados extra-oficiais, anunciados pelas fontes próximas à Comissão Eleitoral, a AUI está na frente em cinco províncias situadas ao sul de Bagdá nas quais a lista de Alawi ocuparia a segunda posição.
Por outro lado, todos os prognósticos dão como vencedores a aliança curda no norte do Iraque e as listas sunitas nas províncias situadas ao norte e a oeste da capital, onde predominam os árabes sunitas.
O processo eleitoral de quinta-feira recebeu muitos elogios da comunidade internacional. O presidente americano George W. Bush disse que se tratava de um passo adiante e fundamental.
Nesta sexta-feira, continuavam em vigor as estritas medidas de segurança impostas para as eleições, responsáveis pela limitação dos atos violentos. Assim, o comércio e administrações permanecem fechados, da mesma forma que as fronteiras terrestres e aeroportos.
Agora que as instituições iraquianas parecem se estabilizar, será abordada de forma mais minuciosa a questão da retirada das forças estrangeiras.
A Câmara dos Representantes americanos deve se pronunciar nesta sexta-feira sobre a manutenção das tropas no Iraque, examinando uma proposta de resolução da maioria republicana.
No entanto, o conteúdo do esboço de resolução é pouco prometedor. "Fixar um calendário artificial para a retirada das forças americanas ou colocar um fim imediatamente em seu posicionamento no Iraque, transferindo-os para outras zonas da região, é fundamentalmente inconciliável com a obtenção da vitória", dizia o texto.
O número de tropas (160 mil soldados) deverá baixar, segundo estava previsto inicialmente, para 137 ou 138 mil soldados, anunciou o secretário de Defesa americano Donald Rumsfeld.