Recortes do cotidiano de quem vive nas ruas, suas histórias, desejos e decepções voltam ao cartaz com Osvaldo Raspado no Asfalto, do grupo Teatro de Asfalto, que abriu curta temporada no último domingo no Gambalaia, em Santo André.

A peça é feita de processo colaborativo do núcleo de formação do ator de 2003 da ELT (Escola Livre de Teatro) de Santo André. Osvaldo vem dos muitos ‘aldos' com que o grupo se deparou durante a pesquisa, realizada em campo. "Tinha Josevaldo, Ronaldo, entre outros. Até que alguém brincou que eles eram os Valdos e ficou assim. O ‘raspado no asfalto' vem por conta da poética da vida que é ferida nas ruas", conta a atriz e produtora do grupo, Camila Shunyata.

A pesquisa saiu à campo buscando colher dos moradores depoimentos sobre o momento em que decidiram abandonar tudo, ou o que foram abandonados, e chegaram às ruas.

"Descobrimos situações adversas, pessoas que vão por rebeldia e outras que são largadas. O louco foi encontrar humor em algumas situações e depoimentos".

Em um processo chamado de mímese corpórea, além dos depoimentos, os integrantes vivenciaram muitos outros elementos concernentes ao universo dos sem-teto. "Fomos buscar a máscara facial dessas pessoas, olhar, ritmo da respiração, voz."

No palco, fragmentos destas experiências serão reproduzidos e cruzados. "A ideia é desvendar uma realidade que para muitos é camuflada. Tirar o olhar saturado de comiseração, de quem olha e finge que não está vendo", diz a atriz.

Serviço: Osvaldo Raspado no Asfalto - Teatro. No Espaço Cultural Gambalaia - Rua das Monções, 1.018, Santo André. Tel.: 4316-1726. Dias 8 e 15, às 20h. Ingr.: R$ 10.