Em cinco anos o equivalente a duas vezes a população de Rio Grande da Serra deixou de pertencer às classes de consumo A e B em nossa região. Fato que precisa ser analisado com extrema atenção. É preocupante constatar a marcha à ré na renda, que foi engatada pelo desemprego, uma das consequências maiores da crise econômica.

A principal notícia deste Diário hoje fala em 81.649 pessoas que, afetadas pelo grave momento que o País atravessa, despencaram do topo da pirâmide financeira do Grande ABC, tiveram seu poder de compra reduzido e foram obrigadas a rever hábitos de consumo, freando forçosamente as despesas em decorrência da perda do poder de compra.

Os números chegam a ser assustadores, entretanto, pior é interpretação que se faz dos valores que eles expressam. Atrás da frieza dos dígitos estão as histórias humanas. De gente que alterou planos em razão da falta de dinheiro para bancá-los e, principalmente, daqueles que precisam se contentar com o mínimo necessário à sobrevivência e, mesmo assim, à custa de muito sacrifício.

Vivemos em uma região altamente industrializada e que sente de forma extremamente dura os efeitos da crise. Em 2011, este setor empregava 345 mil pessoas, o equivamente a 28% da população local. Hoje, são 283 mil, ou 23,1%. A baixa é sentida, pois este é justamente o segmento que paga os melhores salários. Nos últimos 12 meses, foram 42.678 postos de trabalho fechados na região.

A geladeira vazia do trabalhador que, dispensado pela empresa e sem receber os direitos trabalhistas, só repõe o estritamente necessário para se manter é impressionante. Sintetiza período que todos nós torcemos para que acabe o mais breve possível.

O pleno emprego, cantado em verso e prosa por governantes pouco tempo atrás, parece lenda. Perdeu-se em meio a ações atrapalhadas e promessas não cumpridas.